Os bancos de varejo brasileiros podem não estar entre os maiores do mundo, mas estão entre os mais rentáveis. Essa rentabilidade invejável decorre de vários fatores. O mais simples deles é o tamanho e a dominância do mercado: os cinco líderes do varejo respondem por cerca de 80% dos negócios do setor. Outro, menos comentado, são os pesados investimentos que vêm sendo realizados há décadas, tanto em tecnologia quanto na expansão da rede física. Só isso garantiria a qualquer setor a prevalência do mercado de forma sustentável. Agora, porém, os bancos estão enfrentando um dos momentos mais desafiadores de sua história, comparável à estabilização da economia. A implementação do Plano Real custou aos bancos os ganhos elevados com a diferença entre os momentos de pagamentos e recebimentos, que eram auferidos com a inflação. A solução das instituições financeiras foi, além de ganhar com o spread bancário, elevar as receitas com tarifas. O novo desafio, agora, vem da tecnologia e da regulação.

Na parte da tecnologia, o rápido desenvolvimento das fintechs promete incrementar a disputa por atividades que até agora garantiam boa parte das receitas. E, mais recentemente, as mudanças na regulação, com a implementação do open banking e do PIX, devem aumentar mais ainda a pressão sobre os resultados dos bancos. Cândido Bracher, presidente do Itaú Unibanco, escolhido o melhor banco no anuário AS MELHORES DA DINHEIRO 2020 está consciente disso. Prestes a encerrar seu mandato à frente do maior banco privado brasileiro, Bracher manifestou otimismo com a situação. “Vejo um cenário de recuperação gradual da economia e de manutenção das taxas de juros em níveis baixos, o que é bom para o País, na medida em que traz benefícios para pessoas e empresas”, disse ele. Bracher também disse ver de forma positiva as iniciativas do Banco Central (BC) para incrementar a competição no setor. No entanto, ele avalia que esse processo deve ser conduzido com cautela. “É preciso haver simetria regulatória entre as instituições estabelecidas e novos entrantes, e a implementação das mudanças deve ter como premissa a segurança das transações, o que implica tempo para a realização dos devidos testes”, disse ele.

Cândido Bracher Empresa: Itaú Unibanco Cargo: presidente executivo Destaques da gestão: Manter a liderança do banco em um momento de queda dos juros e aumento da concorrência.

A concorrência é positiva para o banco, em sua avaliação. “Aprendemos com os novos concorrentes e nos motivamos a trabalhar de forma mais centrada em nossos clientes, investindo em tecnologia, em pessoas e na busca contínua por eficiência”, disse ele.

Segundo Bracher, o principal desafio para a economia brasileira nos dois próximos anos será manter sob controle a trajetória da dívida pública, sem prejudicar a eficiência dos programas sociais nem aumentar a carga tributária de forma permanente. “Isso vai requerer uma reavaliação da estrutura e da rigidez dos gastos públicos.”

Após quatro anos mantendo o Itaú Unibanco na liderança, os estatutos do banco definem que Bracher seja sucedido no início de 2021, um processo que já está – discretamente – em discussão. O presidente afirma que a troca de comando ocorrerá sem traumas. “O Itaú Unibanco tem uma governança forte e clara, o que torna a gestão mais fácil e produtiva”, disse. “Caracterizo minha gestão como um período no qual o banco gradualmente se tornou mais centrado no cliente, planejou e iniciou um movimento importante de transformação digital e aprofundou muito a busca contínua por eficiência.” Frustrações? “Nenhuma, mas, como brasileiro, lamento constatar que, no ano de minha saída, o PIB brasileiro será menor do que foi no ano em que assumi o cargo.”

As melhores

1. ITAÚ 442,60 PONTOS

2. BRADESCO 435,68 PONTOS

3. SANTANDER BRASIL 414,90 PONTOS