Por determinação da Justiça, a casa do presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, no Rio de Janeiro, foi vasculhada, na quinta-feira 1º, por agentes da Polícia Federal (PF). Ao tomar conhecimento da operação Pausare, Rabello, que estava em Brasília, foi voluntariamente à sede da PF, na capital federal. Pré-candidato à Presidência pelo Partido Social Cristão (PSC), o economista foi ouvido sobre operações financeiras suspeitas no fundo previdenciário dos Correios, o Postalis, que envolvem sua agência de classificação de risco, a SR Rating.

Uma série de investimentos feitos pelo Postalis, com o aval de empresas de avaliação de risco, teria gerado perdas entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões, de acordo com a PF. Suspeita-se que as agências responsáveis por avaliar as operações ignoraram os riscos em troca de parte do dinheiro envolvido. Entre elas está a SR Rating, fundada por Rabello. O caso aconteceu entre 2009 e 2010, quando a agência emitiu relatório positivo sobre a Mudar Master II Participações, o que permitiu a venda de R$ 109,8 milhões em crédito imobiliário ao Postalis. Para assumir a presidência do BNDES, Rabello se licenciou da SR Rating, que se intitula a primeira empresa de rating do Brasil.

Apesar do depoimento à PF, a agenda do presidente do BNDES não foi alterada no site do banco. Na sexta-feira 2, os compromissos estavam previstos para São Paulo. Em nota, a SR Ratings afirmou que, assim como outras agências de classificação de risco, não tem acesso a informação sobre os futuros compradores de suas avaliadas, o que incluiria o Postalis. O BNDES não quis comentar e a Postalis se colocou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos. Com 1% das intenções de voto, segundo o Datafolha, Rabello mantém, por enquanto, seu nome na corrida presidencial.