Eike Batista foi preso por pagar US$ 16,5 milhões em propinas ao ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral. Ok, justo. Mas há quem sustente que, se o Brasil fosse um País sério, Eike deveria estar atrás das grades há muito mais tempo. E não por pagar propinas, mas pelo que ele fez no mercado de capitais com as suas empresas do mundo X, deixando um rastro de prejuízos bilionários a milhares de acionistas. “Ele cometeu crimes de insider trading e manipulação de mercado”, diz Marcio Lobo, advogado do escritório Jorge Lobo Advogados, que representa a associação de minoritários Aidmin. “Mesmo sabendo que não havia petróleo em alguns poços da OGX, ele não soltava fato relevante, usava o Twitter pedindo para as pessoas comprarem suas ações.”

Só isso, Eike?

O advogado, que já sofreu uma queixa de Eike por calúnia e difamação (não ratificada pelo empresário na Justiça), já venceu algumas batalhas contra o senhor X. Uma delas se refere a uma ação em que Lobo alegou a irregularidade de uma assembleia de acionistas da OGX, realizada em 2014, na qual Eike aprovou as próprias contas da empresa. “Ele era o CEO e controlador da OGX, não podia fazer aquilo”, diz Lobo. Em 2015, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deu ganho de causa ao advogado e proibiu Eike de exercer cargo administrativo em uma empresa de capital aberto por cinco anos.

(Nota publicada na Edição 1004 da revista Dinheiro, com colaboração de: Cláudio Gradilone, Luís Artur Nogueira e Márcio Kroehn)