A Schincariol realmente não desce redondo para os outros fabricantes de cerveja. Agora, ainda quer ficar entalada na garganta das multinacionais do setor de bebidas, como Coca-Cola, Pepsi e Nestlé. Incentivada pelo sucesso nas vendas de cerveja, onde já é a terceira colocada, ela avança sobre o segmento de sucos e água. Para entender por que todos eles se interessam por esses produtos, basta dizer que o primeiro movimenta cerca de R$ 15 bilhões por ano. O segundo cresce em média 20% ao ano e é estimado em US$ 450 milhões. A estratégia da companhia é aumentar o portfólio sem que isso signifique deixar na geladeira os investimentos em seu carro-chefe, a cerveja. Até porque seria difícil subverter a ordem: as cervejas são responsáveis por 80% da receita da Schincariol, que é de R$ 650 milhões por ano. ?Queremos nos posicionar como um fabricante completo de bebidas?, diz Luiz Claudio Araujo, gerente de marketing da companhia.

sede de expansão Três novas fábricas até o final deste ano

Para provar que realmente deixou para trás os anos de acanhada fabricante do interior paulista, a companhia pôs a mão no bolso, sacou R$ 450 milhões e está terminando de construir mais três fábricas pelo Brasil ? em Goiás, Pernambuco e Maranhão. Uma quarta unidade deve ser erguida no Sul do País no próximo ano. Antes que ela fique pronta a empresa estará produzindo 2 bilhões de litros por ano de cerveja e 50 milhões de litros das demais bebidas. Um sinal evidente de que a Schincariol quer realmente ir para cima da concorrência. As duas cartas que ela tem na manga hoje são os lançamentos Primus e Skinka. ?Com a Primus, a meta é alcançar 12% de participação no mercado de cervejas?, explica Luís Fernando Amaro, gerente de produto da companhia. Enquanto isso, o suco Skinka teria a missão de cair no gosto de crianças e adolescentes.

No fundo, trata-se da mesma estratégia adotada por todo o setor: aproveitar a rede de distribuição instalada para colocar mais produtos à mão do consumidor. ?Há alguns anos, a Europa tem um crescimento grande nas vendas dos produtos reconhecidos como mais saudáveis, como água e sucos?, diz Basílio Ramalho, analista da Unibanco. ?No Brasil, esse fenômeno pode se repetir.? Seja como for, a Schincariol quer garantir o seu naco, como que fez com as cervejas. Hoje, ela tem 10% do segmento de garrafas de 600 mililitros. Isso significa que vende mais do que Antarctica e Kaiser. Se aumentar mais 2 pontos porcentuais como promete, a Schincariol terá uma receita extra de R$ 160 milhões. Com essa sede de lucros, ela pode mesmo forçar os concorrentes a pedir água.

Colaborou Juliana Simão