Os efeitos de longo prazo da covid-19, em que os sintomas debilitantes duram semanas ou até meses, podem se tornar um problema de saúde pública mais sério do que o excesso de mortes causadas pela doença. O alerta é do professor de epidemiologia genética do King’s College London, Tim Spector.

O especialista disse que dados coletados de 4 milhões de pacientes por meio de um aplicativo de smartphone indicavam que cerca de uma em 50 pessoas que contraíram o vírus ainda apresentava sintomas três meses depois. Eles relataram falta de ar, fadiga crônica, dores musculares e incapacidade de concentração, muitas vezes muito depois de adoecerem inicialmente com o vírus.

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Segundo informações da BBC, as estatísticas oficiais apontam que 18 milhões se recuperaram da covid-19, mas esses números ocultam uma grave e intrigante situação que tem piorado com diversos “recuperados”: a covid-19 persistente.

Spector lembrou que nos primeiros meses da pandemia, pouca atenção foi dada à população infectada que não estava doente o suficiente para ir ao hospital, que totalizava 99% de casos. Com o passar do tempo, descobriu-se que a covid-19 não era apenas uma gripe forte, mas em muitas pessoas se comportava mais como uma doença autoimune, afetando vários sistemas do corpo.

Diante dessa nova constatação, o Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Cuidado (Nice) e a Rede Escocesa de Diretrizes Intercolegiadas (Sign, na sigla em inglês) disseram que uma nova orientação está sendo elaborada para ajudar nos cuidados de pessoas que sofrem complicações de longo prazo. A previsão é que as diretrizes sejam publicadas ainda neste ano.