Não houve aparato policial, passeio de camburão e algemas presas ao punho. Ainda assim, dormir uma noite em cela especial no Ponto Zero, no Rio de Janeiro, provocou em Arthur Falk a mesma síndrome que abalou outros ex-banqueiros que, como ele, acabaram presos sob a acusação de provocar um prejuízo de R$ 168 milhões aos seus clientes. O ex-dono do banco Interunion e ex-gestor dos títulos de capitalização Papa Tudo foi detido na terça-feira passada em seu escritório, no Centro do Rio. Na manhã seguinte, amparado por um habeas corpus, já estava novamente na rua, mas era outro homem. Deprimido, zanzou entre consultórios médicos e escritórios de advocacia. Enquanto sua mulher, Amélia, chorava pelos cantos da cobertura do casal, ele tomou doses generosas de tranqüilizantes e se recolheu, não sem antes se certificar de que não estava só. Ligou para os amigos que lhe restam ? bem menos que no início da década, quando era badalado por pesos pesados como Roberto Marinho e Antônio Carlos Magalhães e tinha sociedades até com a apresentadora Xuxa ? apenas para ter certeza de que ainda seria atendido. Somente um, o deputado-banqueiro Ronaldo Cézar Coelho, o deixou na mão. ?Ele acabou de ser preso e eu tenho uma posição política?, justificou Coelho, padrinho de um dos filhos de Falk.