O governo federal acaba de tomar uma decisão que sinaliza, mais uma vez, um país na contramão do mundo. Em nota conjunta, os ministérios de Minas e Energia e da Agricultura anunciaram a redução do percentual do biodiesel no diesel brasileiro de 13% para 10%.

Na mesma semana, 22 governadores assinaram uma carta destinada ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com o objetivo de demonstrar comprometimento com o enfrentamento da crise climática. Sem ajuda de Brasília, qualquer ação de governadores ou da iniciativa privada tornam-se irrelevantes e, mais do que isso, mostram um País esquizofrênico quando o assunto é o papel que o Brasil quer – e pode – ocupar na economia verde.

O caso do biocombustível é sintomático. De acordo com a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), a mistura de 20% de biodiesel no diesel fóssil (B20) na frota urbana de ônibus das 40 cidades brasileiras com mais de 500 mil habitantes poderia diminuir em até 70% as emissões de CO2 causadas pela produção do combustível. Além disso, 300 milhões de litros de combustível fóssil deixariam de ser consumidos e 577,2 mil toneladas de gases de efeito estufa deixariam de ser emitidas.

Somados, os números equivaleriam à plantação de 3,6 milhões de árvores por ano. Enquanto o mundo quebra a cabeça para solucionar a transição energética, o Brasil, que poderia ser exemplo, vai contra a maré ao tomar decisões que sujam sua matriz e sua reputação.

Evandro Rodrigues
Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1218 da Revista Dinheiro)