Saiu o primeiro sopro de alívio e otimismo no ambiente produtivo do País. O índice que mede a confiança empresarial, calculado pela Fundação Getulio Vargas, acaba de registrar um avanço de 0,9 ponto entre os meses de junho e julho, alcançando, em uma escala de zero a duzentos pontos, o patamar de 91,6. É algo alvissareiro. A mera revisão de expectativas, que voltavam a apontar para baixo devido aos seguidos desarranjos da economia provocados pelo Congresso, demonstra a aposta em um futuro mais promissor. O índice é construído na base de entrevistas com empresários de quatro grandes setores (indústria, serviços, comércio e construção) e, dentre eles, o que mais contribuiu para a melhora foi o da turma da construção.

Talvez movido, em parte, pelas medidas de incentivo a atividade. E mais uma veio, na semana passada, quando o Governo ampliou o teto de uso do FGTS nos financiamentos para imóveis até o valor de R$ 1,5 milhão. Não há dúvida de que o principal fator a provocar a reversão no ânimo geral está no campo da política. Com a proximidade das eleições, contou favoravelmente o entendimento entre partidos do centro para lançar a candidatura única de Geraldo Alckmin, tido e havido pelo mercado como a melhor opção dentre as colocadas. Os empresários, naturalmente, temem a instabilidade de regras e a revisão de pilares fundamentais da retomada como o da reforma trabalhista já aprovada.

Acham que, a julgar pelos discursos, os maiores adversários de Alckmin, com chances de chegar ao segundo turno, podem promover retrocessos, especialmente em áreas vitais, da privatização aos investimentos em infraestrutura. Sabem que um ajuste fiscal consistente, estimado por especialistas em ao menos quatro pontos do PIB, ou algo da ordem de R$ 300 bilhões, será inevitável e depositam no tucano as apostas de que somente ele será capaz de fazê-lo. Após a rearrumação do tabuleiro político, com a ascensão de uma candidatura de centro, até economistas começam a projetar alguma retomada, por menor que seja.

Acreditam que as atividades produtiva e de consumo podem reunir em poucos meses as condições de engrenar o crescimento. Bastaria disposição para tanto. Já existe até um bolão de qual será o patamar atingido pelo PIB até o final deste ano. Muitos avaliam que a desilusão recente, com as decisões atabalhoadas em vários assuntos, justificou a revisão para baixo do número, registrado tanto pelo FMI e como pelo próprio Banco Central. Mas tratam de enxergar saídas rápidas em se confirmando no horizonte eleitoral, entre outubro e novembro, uma alternativa de comando que zele pela estabilidade. Com essa variável será definido se o Brasil terá em 2019 um novo ano perdido ou o início de uma fase de avanços consistentes.

(Nota publicada na Edição 1081 da Revista Dinheiro)