Segundo apurou o Estadão, startups brasileiras que possuíam reservas no Silicon Valley Bank (SVB) começaram a se movimentar ainda na quinta-feira, 9, para tentar retirar o dinheiro do banco norte-americano. A orientação para os saques partiu de empreendedores e de gestoras de investimento – quem optou por esvaziar as contas ainda na quinta-feira conseguiu completar a transação sem maiores problemas.

Bernardo Brites, fundador da Trace Finance, startup cuja plataforma permite a outras startups movimentar recursos nos Estados Unidos, afirmou que desde quinta seus clientes já haviam retirado US$ 100 milhões do SVB. Parte do dinheiro voltou para o Brasil e parte permanece em dólar em uma conta internacional que a Trace abriu para os clientes.

Silicon Valley Bank se torna maior banco americano a quebrar desde crise de 2008

“Entre ontem (quinta) e hoje (ontem), tivemos 350 cadastros para a conta internacional. Existem US$ 3 bilhões de startups brasileiras na fila para serem retirados. Não recomendamos deixar dinheiro no SVB”, afirmou ele.

Recomendação de gestora

O investidor Frederico Guesser, da gestora Caravela Capital, disse que recomendou ao portfólio de startups do fundo de investimento que sacasse as quantias alocadas no banco – visto até então como uma solução “fácil” para abrir conta em território americano no lugar de instituições mais tradicionais do setor.

“Todas as nossas startups conseguiram sacar”, disse ele, cujo fundo investiu em startups no Brasil como Caju, Diferente e EmCasa. Na opinião dele, o fechamento do banco americano tem pouco impacto sobre o ecossistema no Brasil, já que é baixo o número de startups que armazenam volumes de dinheiro em dólar – o que prejudicaria a gestão financeira da companhia, que opera em real.

“Essa crise é boa para ensinar os fundadores que depósitos e bancos são temas sensíveis”, afirmou. “A crise de liquidez prova que ninguém está a salvo.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.