Quem gosta de fazer compras provavelmente já deu uma espiada no canal de tevê Shoptime. Nele, revezam-se apresentadores que têm como missão falar dos produtos como se estivessem diante de um auditório. A idéia é a seguinte: se as mil e uma utilidades da maquininha de fazer rosquinhas, por exemplo, forem bem explicadas, a venda está garantida. A equipe apresenta programas que vão das tradicionais receitas até a exibição de figurantes em uma minipista de dança, animados pelas músicas dos CDs oferecidos no canal. A fórmula começou há cinco anos e deu certo: o Shoptime desbancou o concorrente Shoptour e, agora, está repetindo na telinha dos computadores o bom desempenho conseguido na tevê. Tornou-se caso de sucesso no comércio eletrônico.

Há dois anos, o Shoptime, dos sócios Globopar, GP Investimentos e do empresário Antônio Dias Leite (ex-dono da Multicanal), decidiu colocar também um pé na Internet. O grupo lançou um site que vende praticamente todos os produtos da tevê, cerca de 3 mil itens, numa espécie de loja de departamentos virtual. No ano passado, foi a empresa de maior faturamento no segmento de e-commerce no País, com vendas de R$ 3,6 milhões. O Grupo Shoptime, incluindo também as vendas pela tevê e por catálogo, faturou nesse período R$ 45 milhões. Os diretores da empresa calculam que a receita deste ano com o e-commerce deverá triplicar em relação 1999. Será de R$ 12 milhões.

O negócio é promissor, mas vai precisar de muito investimento para não perder espaço para o site Americanas.com. O concorrente estreou na rede em novembro passado e no mês de abril conseguiu faturar mais de R$ 1 milhão. Segundo a diretora de Internet do Shoptime, Maria Isabel di Celio, a empresa não terá problemas. A executiva anunciou que até o fim do ano vai investir R$ 20 milhões no site ? quase o dobro do que pretende faturar com o negócio. ?Queremos melhorar nosso atendimento de uma ponta a outra?, diz Isabel. Os números do negócio parecem confirmar a expectativa. Diariamente o site do Shoptime recebe 20 mil visitas e desde que foi criado até hoje, 650 mil pessoas utilizaram o endereço eletrônico para comprar produtos como CD-ROMs, cosméticos e eletroportáteis.

A empresa procura repetir na Internet o que faz na tevê. No site, o usuário pode assistir a um filme de 15 segundos com cenas dos programas e encontrar uma ficha técnica do que é vendido. Além disso, o Shoptime leva convidados que se apresentam nos chats, faz promoções e sorteia brindes. ?Temos um modelo que dá certo na tevê e que pode ser adaptado ao comércio eletrônico sem problemas?, diz Isabel. Para o consultor da ATKerney, Bruno Laskowsky, o negócio da empresa em Internet tem uma vantagem em relação aos concorrentes, que é o fato de a marca já ser conhecida. ?Quem não tem uma tevê como o Shoptime precisa, por exemplo, investir mais em marketing. É só ver o exemplo do iG e do Submarino?, explica. A vantagem é semelhante em sentido contrário. No comércio via Internet é possível saber com mais detalhes qual é o perfil do consumidor, o que não acontece na tevê.