É um engano acreditar que os empregados de companhias privadas e públicas em todo o mundo estão concentrados neste momento na frente dos seus computadores em uma planilha financeira ou relatório para a chefia. Os PCs corporativos vem sendo utilizados durante o expediente para acessar sites ou serviços pornográficos. É um problema de conseqüências danosas para os negócios de qualquer empresa. A preocupação com esse tipo de situação pode ser acompanhada nas inúmeras pesquisas que tentam encontrar uma resposta para esse hábito. Um desses estudos da Internet Filter Review, entidade encarregada da vigilância da pornografia na rede, estima que 20% dos funcionários masculinos nos Estados Unidos visitam diariamente uma das mais de 260 milhões de páginas consideradas pornográficas. Já quando são as mulheres, 13% entram em páginas de conteúdo obsceno enquanto trabalham.

A questão da improdutividade é a principal dor de cabeça dos administradores. Segundo um levantamento da Websense que monitora a restrição de sites de internet dentro de corporações em mais de 20 mil empresas, o mal uso da internet custa anualmente US$ 85 bilhões em produtividade às companhias americanas. Na Inglaterra, esse abuso corporativo saca dos cofres britânicos US$ 17 bilhões ao ano. Nesse cálculo entram os gastos com o acesso à internet e a conversão em salário das horas de trabalho inutilizadas. ?O Brasil não escapa dessa realidade mundial. Por aqui, o sexo virtual também é um problema corporativo?, diz Fernando Fontão, engenheiro de sistemas da Websense para a América Latina. As empresas tentam se defender com softwares que monitoram a navegação dos seus empregados e punicões para quem é supreendido em flagrante. O problema é que o remédio não impede a propagação da doença.

Por trás dos empregados ociosos está uma indústria que movimenta US$ 1 bilhão anuais no planeta e que em 2009 chegará a US$ 7 bilhões em receita. Para a National Research Council, conselho norte-americano de pesquisas acadêmicas, existem de 2 milhões a 8 milhões de assinantes de serviços pornográficos na rede que pagam entre US$ 40 a US$ 100 por ano. ?Sexo e música são os tipos de conteúdo que atraem esse tipo de consumidor?, disse à DINHEIRO Ben Macklin, analista sênior do Emarkerter. O gasto com assinaturas de conteúdo para adultos nos EUA chegou aos US$ 445 milhões em 2003, atrás de assinaturas de sites de apostas virtuais e de informações. Não é coincidência que o número de páginas para adultos cresceu 1.800% nos últimos cinco anos. Em 1998, os sites considerados pornográficos somavam 14 milhões. Já em 2003 eram 260 milhões. Tal crescimento veio com o advento e o uso em larga escala de conexões de alta velocidade à internet, permitindo a criação e exibição de materiais mais elaborados como os vídeos e conteúdos interativos. E como esse acesso de é mais comum no mundo corporativo parece inevitável que os empregados continuem apostando na ociosidade.