Em qualquer lugar do mundo, Salão do Automóvel é lugar de disputa entre montadoras. Neles, as fabricantes de automóveis competem para ver quem apresenta o melhor design, o motor mais potente ou o modelo mais inovador. Na tradicionalíssima feira de Frankfurt, na Alemanha, encerrada no último fim de semana, essa corrida aconteceu. Mas foi ofuscada por uma nova questão: quem trouxe o carro menos poluente? A prova dividiu opiniões. De consenso, só a chiadeira da indústria automobilística contra a determinação da União Européia de que todos os veículos, a partir de 2012, só poderão emitir até 120 gramas de dióxido de carbono (CO2) por quilômetro, uma redução de 25% em relação aos níveis atuais.

Nos 225 mil metros quadrados do Salão, não havia uma solução ideal, mas um conjunto de conceitos como carros movidos a eletricidade, a célula de hidrogênio, injeção direta de diesel, biodiesel e os flex fuel para preservar o meio ambiente. O combustível da discussão ficou, como sempre, em torno do dinheiro. As montadoras defenderam incentivos fiscais na Europa para os biocombustíveis e para a venda de veículos que respeitem o meio ambiente, porque eles são em média US$ 2,5 mil mais caros do que os mais poluentes. Além disso, pedem investimentos em infra-estrutura que reduzam os engarrafamentos. ?Não podemos ser os únicos responsáveis pela meta de redução das emissões?, disse o italiano Sérgio Marchionne, presidente mundial da Fiat.

Marchionne reclama, mas ele e seus concorrentes trabalham para alcançar as metas. A própria Fiat apresentou o carro-conceito Panda Ária, anunciado como um ?manifesto ecológico?. Segundo a montadora, o nível de emissão de CO2, de 69 g/km, é o mínimo já alcançado. Com base nesse conceito, a Fiat prevê o lançamento do novo Panda para o fim de 2009. ?Começou a nova geração tecnológica, a dos produtos com pequenas cilindradas e mais tecnologia para aumentar o desempenho e reduzir o consumo?, afirma Carlos Eugênio Dutra, diretor de desenvolvimento de produto da Fiat do Brasil.

levou para o Salão a sua maior gama de produtos e novidades da história. Só de lançamentos mundiais foram oito. No conceito Up!, por exemplo, o motorista consegue ver no monitor de oito polegadas informações sobre a emissão de CO2. Se estiver acima do adequado, basta pisar um pouco no freio. Outro destaque é o Golf BlueMotion, que consome apenas 4,5 litros de diesel por 100 km. As emissões foram reduzidas de 135g/km para 119 g/km.

Das mais de 100 novidades mundiais apresentadas, uma será produzida no Brasil, o Sandero, da Renault, a nova aposta da empresa para a América Latina. A montadora também lançou uma linha, a Eco, toda voltada para o meio ambiente. Mas o presidente do grupo, o brasileiro Carlos Ghosn, diz que não acredita na adesão de todos os fabricantes para reduzir a carga de poluentes, pois a tecnologia custa caro e não é possível repassá- la a todos os modelos: ?O consumidor vai querer arcar com os custos? Esta é a questão.?