Após o déficit de US$ 7,253 bilhões em janeiro, o resultado das transações correntes ficou negativo em fevereiro deste ano, em US$ 2,326 bilhões, informou nesta sexta-feira, 26, o Banco Central. Esse é o menor déficit para meses de fevereiro desde 2019, quando o saldo foi negativo em US$ 1,739 bilhão.

Os dados refletem os efeitos da pandemia do novo coronavírus, que a partir de março do ano passado se intensificou no Brasil, reduzindo o volume de importações de produtos. A autarquia projetava para o mês passado um déficit de US$ 2,3 bilhões na conta corrente.

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O número de fevereiro ficou perto da mediana das estimativas do mercado financeiro, negativa em US$ 2,400 bilhões, e dentro do intervalo das previsões (déficit de US$ 8,700 bilhões a US$ 1,600 bilhão), na pesquisa do Projeções Broadcast.

A balança comercial registrou saldo positivo de US$ 430 milhões em fevereiro, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 1,370 bilhão. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 1,674 bilhão. No caso da conta financeira, o resultado ficou negativo em US$ 2,303 bilhões.

Acumulados

No acumulado do ano até fevereiro, o rombo nas contas externas soma US$ 9,399 bilhões. A estimativa atual do BC é de superávit em conta corrente de US$ 2 bilhões em 2021. O cálculo foi atualizado no último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado na quinta-feira, 25.

Nos 12 meses até fevereiro deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 6,888 bilhões, o que representa 0,48% do Produto Interno Bruto (PIB). Este é o menor porcentual desde fevereiro de 2008 (0,43%).

Lucros e dividendos

A rubrica de lucros e dividendos do balanço de pagamentos apresentou saldo negativo de US$ 315 milhões em fevereiro, informou o Banco Central. A saída líquida é inferior aos US$ 2,950 bilhões que saíram no Brasil em igual mês do ano passado, já descontadas as entradas.

No acumulado do ano até fevereiro, houve saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos, de US$ 1,113 bilhão.

O BC informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 1,363 bilhão em fevereiro, ante US$ 1,385 bilhão em igual mês do ano passado.

No acumulado do ano até fevereiro, essas despesas alcançaram US$ 5,240 bilhões.

Viagens internacionais

Ainda sob os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia, a conta de viagens internacionais registrou déficit de apenas US$ 28 milhões em fevereiro, informou o Banco Central. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. Em fevereiro de 2020, o déficit nessa conta foi de US$ 403 milhões.

Na prática, com o dólar mais elevado e a restrição de voos em vários países, os gastos líquidos dos brasileiros no exterior despencaram em fevereiro deste ano. Vale lembrar que a pandemia do novo coronavírus ganhou corpo a partir de março do ano passado, quando se intensificaram as restrições de deslocamento entre países.

O desempenho da conta de viagens internacionais no mês passado foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 240 milhões, ante US$ 881 milhões de fevereiro de 2020. Já o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 211 milhões no mês passado, ante US$ 478 milhões no mesmo mês de 2020..

No ano até fevereiro, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 68 milhões. No primeiro bimestre do ano passado, o déficit nessa conta foi de US$ 1,167 bilhão.

Dívida externa

A estimativa do Banco Central para a dívida externa brasileira em fevereiro é de US$ 306,131 bilhões. Segundo a instituição, o ano de 2020 terminou com uma dívida de US$ 310,807 bilhões.

A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 236,088 bilhões em fevereiro, enquanto o estoque de curto prazo ficou em US$ 70,043 bilhões no fim do mês passado.