Em box sobre indicadores de serviços incluído no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o Banco Central (BC) destaca que o setor de serviços tem relevância crescente na economia brasileira. Segundo o BC, a tendência é de aumento da sua participação no Produto Interno Bruto (PIB). Em 2016, a participação passou de 54,9% em 2004 para 63,3% em 2016.

Segundo o BC, a importância do setor, que possui atividades bastante heterogêneas, implica na necessidade de melhor compreender as diferenças entre algumas das principais pesquisas com informações sobre o desempenho dos serviços. Neste sentido, o box do RTI apresenta as diferenças mais importantes entre a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e as Contas Nacionais (CN), ambas do IBGE, contribuindo para melhor avaliação da conjuntura.

A PMS, de periodicidade mensal, é construída a partir da receita bruta de empresas formais prestadoras de serviços com 20 ou mais pessoas ocupadas. Nas Contas Nacionais, em sua divulgação trimestral, o setor de serviços é dividido em sete atividades: comércio; transporte, armazenagem e correio; serviços de informação; intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relativos; atividades imobiliárias; administração, saúde e educação públicas; e outros serviços.

No box, a autoridade monetária conclui que o acompanhamento do setor de serviços deve ser realizado pela comparação das atividades que são semelhantes entre as pesquisas e não do índice agregado. As diferenças metodológicas entre as duas pesquisas podem gerar leituras diferenciadas sobre a evolução recente da atividade no setor.

Para o BC, o conhecimento dessas diferenças facilita uma melhor avaliação da conjuntura, especialmente em um momento de expectativa quanto a uma possível retomada da atividade econômica.

Ociosidade

O Banco Central entende que há indicações de que a economia brasileira tem se estabilizado no curto prazo. Mesmo assim, o nível da ociosidade continua elevado. A avaliação consta do RTI divulgado nesta quinta-feira, 30. Na análise de riscos, o BC nota que o quadro externo segue “bastante incerto”.

“Os indicadores de atividade econômica divulgados recentemente mostram alguns sinais mistos, mas compatíveis com estabilização da economia no curto prazo”, cita o documento no início do capítulo 2. “O nível de ociosidade permanece elevado, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego”, cita o documento ao exibir cenário que não indica pressão sobre os preços no curto prazo.

Ao analisar o balanço de risco para a condução da política monetária, o BC diz que o quadro externo “ainda é bastante incerto”. Em um ambiente de retomada da atividade global em meio à normalização da política monetária nos Estados Unidos e continuidade das políticas expansionistas na Europa e Japão, o BC diz que “a atividade econômica global mais forte e o consequente impacto positivo nos preços de commodities têm mitigado os efeitos sobre a economia brasileira de revisões de política econômica em algumas economias centrais, notadamente nos EUA”.

Ainda no quadro externo, o BC nota que também há incerteza sobre “a sustentabilidade do crescimento econômico global e sobre a manutenção dos níveis correntes de preços de commodities”.