O receio crescente de uma iminente recessão mundial, o quase colapso das finanças da Grécia e a crise de confiança do euro fizeram de setembro um mês negro para a economia global. Mas, em meio ao derretimento do mundo desenvolvido, no Brasil, tudo fica tingido de azul quando o assunto são as exportações. As vendas ao Exterior chegaram a US$ 23,3 bilhões, 23,8% a mais do que o registrado em setembro de 2010. Para explicar essa marca, o governo recorreu ao velho ditado de não colocar todos os ovos na mesma cesta. Ou seja, a boa e velha estratégia da diversificação ajudou a amenizar o impacto da desaceleração econômica entre os grandes parceiros comerciais do Brasil.

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O plano da diversificação: Estados Unidos e Europa perderam participação das exportações, enquanto a Ásia disparou

“Se os EUA ainda respondessem por 20% de nossas exportações, como ocorria há cinco anos, hoje estaríamos muito pior do que em 2008”, diz Welber Barral, sócio da Barral M Jorge Consultores, e ex-secretário de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). As vendas para o mercado americano hoje respondem por menos de 10%. Ainda um destino importante das mercadorias brasileiras, a União Europeia também tem menos peso relativo que há cinco anos – de 25,5% em 2006, o bloco representa 21% hoje. “Nossas exportações continuam crescendo nesses mercados, mas num ritmo menor”, diz Tatiana Prazeres, secretária de comércio exterior do Mdic. A Ásia, que representava 10% das vendas há dez anos, hoje absorve 30% do comércio exterior brasileiro, puxado pela demanda da China.  

Embora os produtos básicos representem 42% das exportações, os manufaturados também vêm ganhando espaço. No ano, as vendas de industrializados cresceram 22%. Há também outro fator que abençoa a balança comercial do País neste ano. A cotação das principais commodities continua em patamares históricos, o que explica boa parte do crescimento nos embarques – cerca de 30% das vendas externas são relativas a petróleo, soja e minérios, cuja cotação ainda vai muito bem, obrigado. José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), entretanto, lembra que o País não pode se acomodar. “O Brasil conseguiu um bom resultado graças aos altos preços”, alerta. “Mas isso não vai durar para sempre”, afirma Castro.

 

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