Afetados pela disparada da inflação de alimentos e pela queda na renda, a crise no varejo bateu forte nos hipermercados e supermercados. Em 2016 esse segmento respondeu por quase um terço das lojas fechadas, segundo estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Entre abertura e fechamento de lojas, o saldo ficou negativo em 34,7 mil pontos de venda no ano passado. “Por dois anos seguidos (2015 e 2016) os hipermercados e os supermercados lideraram o fechamentos de lojas”, diz o economista da CNC, Fabio Bentes. Em dois anos foram 62 mil lojas desativadas.

Ao que tudo indica, o ajuste desse segmento continua. No início deste mês, o Grupo Seta, que tinha 50 lojas de atacarejo nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas, fechou 28 lojas. Só na cidade de São Paulo foram encerradas sete lojas e demitidos 1.180 trabalhadores, segundo Josimar Andrade, diretor do Sindicato dos Comerciários de São Paulo.

A empresa confirma o fechamentos de lojas, mas não o de demitidos. Por meio de nota, a companhia explica que o grupo, que começou as atividades em 2008, teve uma expansão rápida, mas dependente do crédito. Com as restrições nos empréstimos bancários por causa da crise, a empresa teve de reduzir a operação para se reorganizar.

O ajuste da operação atingiu neste começo também o Walmart, uma das maiores empresas do segmento do varejo de alimentos do País. A varejista fechou cinco supermercados, a maioria no Sul. A empresa informa, por meio de nota, que “revisa constantemente seu portfólio de lojas, podendo fechar unidades que não apresentem desempenho satisfatório”.

Tamanho. Apesar de a crise ter reduzido drasticamente o número de lojas do varejo como um todo, foram as pequenas empresas que sentiram mais o baque e fizeram o maior enxugamento, muitas delas para sobreviver. De acordo com o estudo da CNC, das 108,7 mil lojas fechadas no ano passado, 39,6 mil foram no pequeno varejo.

O Grupo Nayara Cruz, especializado em vestido de festa e moda feminina para senhoras, tinha, por exemplo, nove imóveis alugados no bairro paulistano do Bom Retiro e empregava 70 pessoas. Hoje são seis imóveis locados para loja, confecção e estoque e 50 funcionários.

“Esta loja era geminada com a do lado. Entreguei a do lado e reduzi esta aqui. Isso diminuiu bastante o custo e também o número de funcionários”, explica a dona da empresa Meire Araujo Cruz. O ajuste aconteceu nos dois últimos anos, quando as vendas começaram a cair. Em 2015, a queda foi de 10% a 15% e no ano passado, entre 20% e 30%. Há 18 anos no mercado, a empresária diz que 2016 foi o pior ano da empresa. “Nunca tinha visto loja fechada na rua José Paulino”, observa.

O ajuste foi necessário, diz Meire, para manter a empresa funcionando, mesmo sem ter lucro. Segundo a empresária, o lado positivo desse ajuste foi que se começou a dar valor ao corte de pequenas despesas para reduzir custos. “Tudo olhamos hoje de forma diferente, pois temos que sobreviver.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.