O grupo Serviços continua dando sinais fortes de desaceleração e deve ser mais um a ajudar no processo desinflacionário do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) este ano, segundo o coordenador do indicador da Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti. “Estava demorando para arrefecer. Os efeitos do desemprego estão custando para refletir nos preços livres. Agora, tem clara trajetória de desaceleração. A recessão realmente está afetando”, afirma.

A inflação de Serviços atingiu 0,23% no âmbito do IPC-S de março, na comparação com 0,93% em fevereiro. Em 12 meses concluídos em março, a variação ficou em 9,88%. “É a primeira vez que desacelera para um nível abaixo de 10%. A última vez que isso aconteceu foi em dezembro de 2007 (9,47%)”, conta.

Picchetti ainda observa que todos os demais grupos do IPC-S estão com tendência evidente de arrefecimento, com exceção dos preços administrados. Em 12 meses concluídos em março, os administrados acumularam 10,08%, depois de 8,54% em igual período finalizado em fevereiro. Contudo, o acumulado em 12 meses até março ficou abaixo da marca de 20,18% acumulada em 12 meses até março de 2016. No terceiro mês deste ano a taxa dos administrados foi de 1,35%, depois de 1,10% em fevereiro.

Difusão

Para reforçar o quadro de desinflação, o economista citou ainda o índice de difusão, que mede o quanto a alta de preços está espalhada. O difusão ficou em 57,06% em março, na comparação com 57,35%.

Apesar de o resultado maior que o visto no segundo mês, muito em função do grupo Alimentação (de -0,16% para alta de 0,71%), Picchetti observa que o nível está aquém de 60%, o que é boa notícia, avaliando pela ótica da inflação. “É compatível com a recessão”, diz. Em março de 2016, o índice de difusão foi de 74,71%.

Expectativas

A expectativa de Piccheti é que o IPC-S feche este mês em 0,35%, na comparação com 0,47% em março. Para o fim de 2017, a estimativa segue em 4,60%. Segundo ele, as principais influências de alívio no dado mensal devem ser alimentação, combustíveis e energia elétrica. O economista ressalta que em sua projeção já leva em consideração o impacto do reajuste médio de 4,76% para medicamentos este mês. “Como de praxe, não deve aparecer de uma única vez. Tem uma defasagem.”