Os procuradores da Lava Jato do Rio denunciaram mais uma vez o ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho (PMDB) por corrupção. Assim, chegaram a 20 as denúncias contra Cabral (19 no Rio e uma em Curitiba). Desta vez, o peemedebista foi acusado de cobrar propinas em obras realizadas pela construtora Oriente.

Também foram denunciados o diretor da construtora, Geraldo André de Miranda Santos, o coordenador de licitações Alex Sardinha da Veiga, o ex-secretário de obras, Hudson Braga e o suposto operador do esquema de corrupção Wagner Jordão.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), ao menos entre os anos de 2010 e 2014, por seis vezes, Sérgio Cabral, através de Braga e Jordão, “de forma livre e consciente, em unidade de desígnios, solicitou, aceitou promessa e recebeu vantagem indevida (calculada, como regra geral, em 1% do valor faturado relativo às contratações realizadas) de Alex Sardinha da Veiga e Geraldo Miranda”.

Uma das provas foi um e-mail trocado entre Jordão e Sardinha, com o assunto “cálculos”, em que menciona expressamente valores de “O2” (taxa de oxigênio, denominação de propina no esquema de Cabral), relacionada a empresa Oriente. A mensagem menciona o faturamento de R$ 7,7 milhões, em função do qual seria devido o valor de R$ 77,8 mil referente à taxa do Consórcio Iguaçu, formado pela empresa.

Além disso, planilhas apreendidas, em poder de Sardinha, “apresentam claramente os valores pagos a Hudson Braga, como forma de propina em várias obras contratadas pela empresa Oriente, junto ao Governo do Rio”, segundo o MPF. O esquema teria funcionado em obras denominadas “Baixada Litorânea”, “Emergência Araruama”, “Emergência Saquarema”, “Emergência Maricá II” e ainda as obras “Consórcio Iguaçu” e “Consórcio Águas Limpas”.

Outro lado

Uma funcionária da empresa Oriente respondeu por telefone que a construtora está em recesso. Informou ainda que os responsáveis por responder às acusações só poderiam atender à reportagem na próxima segunda-feira.

O advogado de Hudson Braga, Roberto Pugliuso, disse que não se pronunciaria sobre as acusações. A reportagem não conseguiu localizar as defesas de Wagner Jordão, de Geraldo André de Miranda Santos e de Alex Sardinha da Veiga.