Senadores que se mobilizaram pela abertura da CPI da Previdência temem que a base do governo boicote a comissão. Apesar de terem reunido mais do que o número necessário de assinaturas para abrir o colegiado, senadores de oposição acreditam que partidos da base podem pressionar pela retirada de nomes e atrasar a indicação de membros para inviabilizar a CPI.

Com a reforma da Previdência enviada por Michel Temer já em discussão na Câmara, o senador Paulo Paim (PT-RS) quer apurar desvios de verbas, fraudes, sonegações e outras irregularidades nos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ele acredita que a argumentação do governo de que há déficit na Previdência é falsa.

Líder do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PR) afirmou que um dos desafios que a CPI pode enfrentar é a indicação de nomes para compor o colegiado. De acordo com o regimento, cabe ao líder de cada partido indicar parlamentares da bancada para participar da CPI. A senadora teme que líderes aliados do governo não façam as indicações com o intuito de atrasar a instalação da comissão.

“Vamos precisar que os partidos indiquem os membros. Espero que PSDB, PMDB e partidos da base indiquem os seus senadores para fazer parte da CPI”, afirmou. Gleisi defende que, se há de fato estouro no caixa da Previdência, como informa o governo, o ideal é que esses números sejam revelados pela CPI.

Na base do governo Temer, o líder do PSDB, senador Paulo Bauer (SC), disse que pretende usar os 30 dias previstos no regimento para indicar senadores tucanos para o colegiado. “Vamos avaliar, no prazo, os nomes que deverão integrar a CPI”, disse. Até a tarde dessa segunda-feira, 6, Paim reuniu 29 assinaturas para instalar a CPI da Previdência. Diferentemente da Câmara, onde a abertura do colegiado passa pelo crivo do presidente da Casa, no Senado, basta que 27 senadores subscrevam o documento de pedido de abertura da CPI.

Paim contou com o apoio de pelo menos dez governistas para abrir a CPI. Lasier Martins (PSD-RS), Ana Amélia (PP-RS), Romário (PSB-RJ), José Maranhão (PSD-MT), Magno Malta (PR-ES), Elmano Férrer (PMDB-PI), Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), Dario Berger (PMDB-SC), Ivo Cassol (PP-RO) e José Maranhão (PMDB-PB) subscreveram o documento. Outros senadores que costumam votar com o governo, como Reguffe (sem partido-DF), Cristovam (PPS-DF) e Roberto Muniz (PP-BA) também apoiaram a abertura da CPI.

Já na semana passada, Paim denunciou que senadores da base aliada estariam sofrendo pressão do governo Temer para retirar a assinatura. “Infelizmente há alguns que, quando o governo pressiona, mudam de posição”, disse. O senador Sérgio Petecão (PSD-AC), que assinou o documento, chegou a rasurá-lo depois para retirar sua assinatura. (Colaborou Julia Lindner)