O comitê do Judiciário do Senado decidiu hoje (18) convocar audiências públicas para colocar frente a frente o indicado para a Suprema Corte, o juiz Brett Kavanaugh, e Christine Blasey, que o acusou de agressão física e sexual, segundo uma reportagem publicada na edição de domingo (16) do jornal Washington Post. Antes do surgimento desse escândalo, a votação para homologar Kavanaugh para Suprema Corte deveria ser realizada esta semana.

O processo para homologar o nome do conservador Brett Kavanaugh para Suprema Corte já estava em fase de conclusão, depois de audiências onde foram ouvidas testemunhas a favor e contra sua nomeação. Mesmo com a oposição democrata, o próximo passo seria a votação em plenário.

De acordo com a reportagem do Washington Post, Christine Blasey Ford, 51 anos, professora universitária, enviou uma carta à senadora Dianne Feinstein relatando ter sofrido violência sexual e física cometida por Brett Kavanaugh, 36 anos atrás.

Na reportagem, ela alegou que, em uma festa durante o ensino médio, Kavanaugh a teria empurrado para um quarto com um amigo chamado Mark Judge, e tentado tirar a roupa dela sem o consentimento, tapando também a sua boca com a mão para impedi-la de gritar.

Senado

Após a repercussão de denúncia, ambos Kavanaugh e Christine Blasey testemunharão perante o Senado.

O juiz negou a acusação e esteve durante mais de nove horas hoje em reuniões na Casa Branca.  No fim da tarde, o porta-voz da Casa Branca Raj Shah disse que o indicado à Suprema Corte está pronto para testemunhar, assim que o Senado estiver pronto para ouvi-lo.

“O juiz Kavanaugh está ansioso para uma audiência em que ele possa limpar seu nome desta falsa alegação. Ele está pronto para testemunhar amanhã se o Senado estiver pronto para ouvi-lo”, disse o porta-voz.

Analistas avaliam que a audiência entre Kavanaugh e sua acusadora poderia dificultar a aprovação de seu nome para a Suprema Corte.

Em um comunicado, Kavanaugh chamou a alegação da professora universitária de “completamente falsa”.

“Eu nunca fiz nada parecido com o que foi descrito – com ela ou com ninguém”, disse.

No texto, ele já se colocava à disposição do Senado para ser ouvido. “Estou disposto a conversar com o Comitê Judiciário do Senado de qualquer maneira que a comissão considere apropriada para refutar essa falsa alegação de 36 anos atrás para defender minha integridade”, acrescenta.

Melhor pessoa

O presidente Donald Trump também deu declarações em defesa de seu escolhido para a Suprema Corte.

“O juiz Kavanaugh é uma das melhores pessoas que eu já conheci. Ele tem um intelecto excepcional e é respeitado por todos”, afirmou. Trump tentou mostrar confiança e disse que pode ser que demore, mas ele acredita na confirmação de Kavanaugh. “Se demorar um pouco, vai demorar um pouco.”

O presidente norte-americano escolheu Kavanaugh para substituir o juiz Anthony Kennedy, que se aposentou da Suprema Corte. Embora não fosse liberal, Kennedy votou com os liberais em algumas decisões importantes, como a que legalizou o casamento de pessoas do mesmo sexo no país.

Os democratas tentam impedir que Kavanaugh seja nomeado por temerem que a Suprema Corte possa se tornar mais conservadora.