O deputado conservador Boris Johnson, um fervoroso defensor do Brexit, ampliou sua vantagem nesta terça-feira (18) na corrida para substituir a primeira-ministra britânica, Theresa May, ao vencer com ampla vantagem o segundo turno da votação após a qual ficaram apenas cinco candidatos na disputa.

O ex-prefeito de Londres e ex-ministro das Relações Exteriores de May, que completará 55 anos nesta quarta-feira, obteve 126 votos de um total de 313 deputados conservadores na eleição para o líder dos ‘tories’, e primeiro-ministro.

Bem atrás ficaram o ministro das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, com 46 votos, seguido do colega do Meio Ambiente, Michael Gove, com 41, o ministro de Desenvolvimento Internacional, Rory Stewart, com 37, e o ministro do Interior, Sajid Javid, com 33 votos.

Dominic Raab, que foi rapidamente ministro do Brexit, foi eliminado por não conseguir reunir os 33 votos necessários para passar ao terceiro turno, que será realizado na quarta-feira.

Os candidatos ainda na disputa tinham previsto um debate nesta terça-feira à noite em um programa de TV da emissora BBC.

O resultado da disputa pela liderança pode determinar as condições em que o Reino Unido vai deixar a União Europeia (UE), no início de 31 de outubro.

A votação dos deputados do Partido Conservador é secreta. Após a rodada desta terça-feira serão realizadas rodadas sucessivas até que restem apenas dois candidatos que se submeterão à votação de 160 mil militantes do partido.

Os membros do partido votarão por correio e espera-se conhecer o vencedor na semana de 22 de julho.

Boris Johnson, ex-ministro das Relações Exteriores e um dos líderes da campanha pró-Brexit, venceu o primeiro turno na semana passada com 114 votos, mais que o dobro dos obtidos pelos demais aspirantes.

Johnson disse que está disposto a deixar a UE em 31 de outubro sem acordo entre Londres e Bruxelas, embora preferisse alcançar algum antes desta data.

Segundo os contrários a esta solução, uma saída sem acordo provocaria um caos econômico e deixaria o Reino Unido sem o seu principal parceiro.

– Stewart, o ‘outsider’ –

Stewart, considerado um “outsider”, disse nesta terça à BBC que não se importa em ser considerado o candidato para “deter Boris” e acusou seu rival de fazer promessas sobre o Brexit que não poderá cumprir.

No debate de domingo, quatro dos cinco candidatos disseram que tentariam renegociar o acordo de saída com Bruxelas, apesar de os líderes da UE terem descartado tal possibilidade.

No entanto, Stewart disse que apoiaria o atual acordo, apesar de ter sido rejeitado três vezes pelo Parlamento este ano, em um processo que levou Theresa May a abrir mão de seu cargo.

Os quatro candidatos, com exceção de Stewart, não descartaram uma saída sem acordo em 31 de outubro.

Johnson também disse que o Brexit tinha que acontecer nesta data, com ou sem acordo.

Apesar de ter moderado a linguagem, deixou claro que não está disposto a “mais uma vez acenar com a bandeira branca” para Bruxelas e pedir um novo adiamento para a saída, inicialmente prevista para 29 de março, mas agora adiata até 31 de outubro.

Assim, em um país assolado pela dúvida e o interminável debate sobre o Brexit, propõe-se a tirar o Reino Unido da União Europeia com ou sem acordo nesta data, mostrando coragem.