Os reajustes nos preços administrados foram responsáveis por evitar deflação no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da primeira quadrissemana de outubro, afirma o coordenador da pesquisa, Guilherme Moreira. O indicador avançou 0,02% na medição, frente à variação zero registrada na última quadrissemana de setembro.

Sem o avanço nos preços do plano de saúde (2,11%) e na tarifa de energia elétrica (3,10%), o índice teria registrado queda de 0,16% no nível de preços, puxado pela continuação do movimento deflacionário do grupo de Alimentação (-0,88%).

“Nós temos um cenário de deflação que é segurado apenas pelos preços administrados, que não têm relação com o ciclo econômico”, avalia Moreira. Os planos de saúde, por exemplo, têm variação acumulada em 6,23% em 2019, contra 2,56% do índice geral.

Segundo o coordenador do indicador, não é possível descartar a possibilidade de deflação nas próximas medições. “O retorno para a bandeira amarela na tarifa de energia ainda vai aparecer e deve devolver um pouco do aumento. Quando a gente trabalha com variações tão pequenas, sempre há possibilidade de deflação”, explica.

Entre os administrados, a expectativa de alta ainda está com a gasolina, que, na primeira medição de outubro, teve avanço de 0,32% nos preços. “É o único item que está sendo contaminado pelo cenário internacional e pela desvalorização cambial”, diz Moreira, que espera novas altas para o combustível.

Para outubro, a Fipe estima uma inflação de 0,12%, puxada por novos aumentos nos grupos de saúde – principalmente pelos planos – e do grupo despesas pessoais, que deve ter oscilação para cima por causa do reajuste nos preços do cigarro, que são tabelados. A Fipe mantém a expectativa de inflação de 3,57% para o IPC de 2019.