Um estudo conduzido pelo coletivo Ação Covid-19, com cientistas de diversos centros de pesquisa e universidades, mostrou que 71,5% dos brasileiros podem ser infectados pelo coronavírus no ano que vem. A previsão leva em consideração variáveis com curto período de imunidade da vacina, alta densidade população e um índice de proteção que avalia a qualidade de vida de determinadas regiões.

Além disso, o levantamento também considerou a capacidade das cidades vacinarem em formato “carrossel”, com a reaplicação de novas doses na população assim que a imunidade contra o vírus for diminuindo.

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Os pesquisadores apontaram cenário mais positivo em cidades como São Paulo e Belo Horizonte (MG), onde a densidade populacional é relativamente baixa e o Índice de Proteção à Covid-19 (IPC) é alto. Com a vacina garantindo proteção por um ano e meio, a previsão é de que 36,1% da população seja infectada pelo vírus. Este número leva em conta diagnósticos positivos desde janeiro de 2020.

Já em cidades como Olinda (PE), onde a densidade populacional é alta, o IPC é baixo e a capacidade de vacinação é baixa – cerca de um ano – até 71,5% da população pode ser infectada ao longo do ano que vem.

Segundo o estudo, se a imunidade obtida com os imunizantes for baixa, um novo pico de casos pode acontecer em março de 2022. Essa alta, no entanto, não deve ser comparada ao que aconteceu em abril deste ano, quando mais de 4 mil pessoas morreram diariamente. Ainda assim, o Ação Covid-19 acredita que 0,25% da população de algumas cidades acabem morrendo.

Fim da pandemia?

O estudo aponta que atingir a cobertura vacinal completa não elimina o coronavírus, mas dá ao poder público mais armas para controlar os efeitos uma eventual perda de imunidade da população. Neste cenário, é possível controlar um novo quadro de alta mortalidade, ou de baixos leitos de UTI, por exemplo.

Ainda assim, o grupo considera precipitada a decisão de governadores que estão reabrindo a economia, como em São Paulo. O momento é de promover as vacinas e manter restrições para controlar a taxa de infecções.

Em nota, a epidemiologista Gerusa Figueiredo, da Faculdade de Medicina da USP e membro do coletivo que fez o estudo, acredita que o vírus é um perigo, uma vez que ele segue circulando nas cidades e pode achar uma forma de gerar uma mutação que dribla o poder das vacinas. Com isso, novas variantes, mais fortes, vão surgindo e minando todo o esforço de vacinação.

A íntegra do estudo pode ser vista clicando aqui.