O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tem rejeitado a ideia de instalar um processo de impeachment que poderia salvar o Brasil de mais ameaças vindas da mente perversa do chefe do Executivo, como a de condicionar as eleições de 2022 ao voto impresso. Mesmo Lira, contudo, entende que é hora de preservar a democracia. Um presidente da República que vai a público dizer “caguei” para senadores ao receber um pedido para que seja ouvido na CPI da Covid não pode ser tratado pelos demais poderes como digno do cargo para o qual foi eleito.

É admirável que Lira tenha se unido aos presidentes de oito partidos para divulgar nota no sábado (10) reafirmando a importância das instituições brasileiras, dos valores democráticos e do sistema eleitoral. Lira disse que “em uma hora tão dura como a que vivemos hoje, saibamos todos que o Brasil sempre será maior do que qualquer disputa política. Tenhamos todos, como membros dos poderes republicanos, responsabilidade e serenidade para não causar mais dor e sofrimento aos brasileiros”. Bolsonaro havia afirmado que, sem voto impresso auditável, o Brasil pode não ter o pleito de 2022.

A declaração de Bolsonaro se deu em contexto no qual seu futuro político parece duplamente ameaçado. Segundo o Datafolha, 63% dos brasileiros afirmaram que o presidente é incapaz de governar o País. E, pela primeira vez, o número dos que querem a abertura de um processo de impeachment supera a metade da população: 52%. Mesmo que isso não ocorra, a perspectiva de Bolsonaro se reeleger fica menor a cada dia. Ainda segundo pesquisa Datafolha, Lula tem 46% das intenções de voto no primeiro turno, contra 25% do atual presidente. Não é por acaso que ele tem se mostrado cada vez menos respeitoso ao regime democrático. Só há um caminho para Bolsonaro ficar no poder: a ditadura.