O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, destacou nesta quinta-feira, 20, que a taxa de juros (Selic) está abaixo da taxa neutra, o que serve de estímulo à economia. Ao mesmo tempo, segundo ele, os dirigentes do BC não viram necessidade de manter, nos comunicados mais recentes, a frase que indicava retirada dos estímulos se o cenário para a economia piorar.

Durante a apresentação do RTI, Ilan Goldfajn também reforçou que a cautela, a serenidade e a perseverança têm sido úteis para as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) – tanto as do passado, quanto para as do futuro. “Não só no passado, mas nas decisões do futuro pode ser útil se pautar nessas características”, disse.

Ilan afirmou ainda, referindo-se ao último Copom, que a manutenção da Selic é a melhor decisão. Ele acrescentou que a instituição, ao mesmo tempo, tem deixado os próximos passos da política monetária abertos.

Câmbio

O presidente do Banco Central afirmou que o movimento do câmbio mais recente no Brasil está ligado, principalmente, a fluxos sazonais. “O real reage a questões internas e externas e, às vezes, a fluxos de fim de ano”, disse. “O movimento recente se deve mais a fator sazonal.”

Ele citou que, como de costume no fim do ano, empresas e fundos têm remetido dólares ao exterior, o que impacta a taxa de câmbio. Em função disso, o BC tem promovido leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra no futuro).

“Os leilões de linha do passado estiveram mais ou menos no nível que também chegamos hoje”, comentou Ilan. “Intervimos no mercado por questão de liquidez, por questão sazonal”, acrescentou.

Maior peso para a inflação

O presidente do Banco Central reforçou durante coletiva de imprensa que, no balanço do BC, o maior peso para a inflação está nos riscos ligados às reformas e deterioração do cenário externo.

“Quando explicitamos na ata, colocamos essa discussão, a discussão que temos projeções de inflação bem comportadas por um lado. Entretanto, também observamos risco relacionado a reformas e ajustes e ao cenário externo”, disse Ilan. “O risco com reformas e ajustes tem diminuído. E o risco de ter inflação mais baixa tem aumentado”, acrescentou. “Ainda achamos que há assimetria no balanço de riscos para inflação.”