Como esperado pelo mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, na tarde desta quarta-feira (2), por unanimidade, elevar a taxa Selic de 9,25% ao ano para 10,75% ao ano. Este é o oitavo aumento consecutivo na taxa.

Com a decisão, a Selic voltou ao patamar de dois dígitos pela primeira vez em quatro anos e meio, a última vez foi em julho de 2017. No entanto, até o final deste ano, o mercado prevê que a Selic chegue ao patamar de 11,75% ao ano. O próximo aumento já pode ocorrer em março.

De acordo com comunicado do Copom, a alta ocorreu por conta do cenário externo e incerteza em relação à nova onda da pandemia de coronavírus. “A maior persistência inflacionária aumenta o risco de um aperto monetário mais célere nos EUA, tornando as condições financeiras mais desafiadoras para economias emergentes. Além disso, a nova onda da Covid-19 adiciona incerteza quanto ao ritmo da atividade”, complementa.

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Já para a inflação, a expectativa do Copom é que o índice continue surpreendendo negativamente. As projeções de inflação para 2022 e 2023 encontram-se em torno de 5,4% e 3,2%, respectivamente.

“Esse cenário supõe trajetória de juros que se eleva para 12% no primeiro semestre de 2022, termina o ano em 11,75% e reduz-se para 8% a.a. em 2023. Nesse cenário, as projeções para a inflação de preços administrados são de 6,6% para 2022 e 5,4% para 2023”, explica a ata da reunião.

Segundo o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, os próximos aumentos da taxa de juros devem acontecer no patamar de 1,25 p.p. “O Copom disse que o juro já está muito alto para subir no mesmo ritmo. Contudo, a sinalização de suavização do aperto é incoerente com o avanço das expectativas de inflação da própria autoridade no cenário de referência”, explica.

O especialista acredita que o BC apresentou um comunicado dovish (termo do mercado para juros menores) apontando para uma redução do ritmo de elevação da Selic, mas tentou ser hawkish (termo para juros maiores) ao tentar remover a tampa dos juros. Como o posicionamento do Copom, Sanchez reduziu sua perspectiva para Selic de 12,25% para 11,75%, com apenas mais uma elevação do juro na reunião de março. Ele prevê que a taxa deverá permanecer inalterada ao longo de todo 2022.