O Banco Central decide nesta semana o rumo da taxa básica de juros da economia e, apesar de haver consenso no mercado de que a Selic encerrará 2017 abaixo dos 10%, há divergência entre analistas sobre o tamanho da redução dos juros até o fim do ano. Ainda que a Selic chegue a 9,5% após a última reunião do Copom, conforme as projeções divulgadas no Boletim Focus do BC, a diferença entre os juros e a inflação esperada ainda será grande.

“Com uma Selic de 9,5% e uma inflação de 4%, que é o que esperamos, temos um juro real de 5,29%, um número alto”, diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. Segundo Vieira, o Brasil deve seguir como o maior pagador mundial de juros reais.

Os juros reais elevados favorecem aplicações mais conservadoras, como o Tesouro Direto e Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), apesar das oportunidades que se abrem com a queda do juro, como o investimento em ações.

O economista-chefe da Quantitas Asset Management, Ivo Chermont, aposta em redução da Selic para 8,75% ao ano em 2017. “O PIB deve ter crescimento fraco ou nulo, o que permite um corte mais forte da Selic.”

Para o ano que vem, a expectativa geral do mercado é de queda da Selic para 9%. Mas parte dos analistas já vê espaço para uma descida rumo ao nível de 8%. Isso aconteceria por causa da combinação entre recuperação fraca da economia, desemprego em um patamar elevado, inflação mais baixa e real se valorizando ante o dólar. No entanto, a avaliação é de que o BC deve ser cauteloso “O BC vai querer dosar o quanto já cortou e o quanto isso se reflete na atividade”, diz o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato. O banco vê o juro a 9% este ano.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em janeiro, o BC surpreendeu o mercado com um corte de 0,75 ponto porcentual na Selic, atualmente em 13% ao ano. O presidente da instituição, Ilan Goldfajn, já afirmou que este será o novo ritmo de corte nos juros. A decisão será anunciada na noite de quarta-feira.

Com a forte recessão, a percepção é que a inflação está sob controle e deve encerrar o ano abaixo da meta de 4,5% perseguida pela autoridade monetária. “O BC mira essencialmente trazer a inflação para a meta”, explica Felipe Salles, economista do Itaú Unibanco. A instituição vê a Selic a 9,25% ao fim de 2017.

O desemprego pode tornar essa recuperação lenta, uma vez que o consumo, um dos ativadores da economia, deve seguir desaquecido. “A recuperação se dará mais no âmbito do investimento do que no do consumo”, diz Tatiana Pinheiro, economista do Santander. O banco vê a Selic em 9,5% ao fim de 2017. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.