Amelia, Carmín de Peumo, Gravas, Terrunyo. Embora pertençam à Concha y Toro, maior vinícola da América do Sul com faturamento anual de US$ 400 milhões, cada um desses rótulos é produzido em escala quase artesanal. Alguns não chegam a 6 mil garrafas por safra. Com exceção do branco Amelia, disponível até em supermercados, a oferta é restrita a lojas especializadas e comércio eletrônico. Não por acaso, eles foram escolhidos para integrar a inédita The Cellar Collection, reunião de marcas excepcionais lançada na semana passada no mercado brasileiro e que deverá ser expandida com a inclusão de vinhos feitos pela companhia na Argentina e nos Estados Unidos.

Para a vice-presidenta de vinhos finos e imagem corporativa da Concha y Toro, Isabel Guilisasti, que pertence à família controladora da empresa, a Cellar Colletion agrupa os melhores rótulos da casa fundada em 1883. Isso porque o ícone Don Melchor passou a ser produzido e comercializado por uma empresa autônoma do grupo. “Pensamos na coleção como forma de dar maior visibilidade a marcas que estão posicionadas acima do Marquês de Casa Concha em qualidade e preço”, afirmou Isabel em live na terça-feira (11). “Reunimos esses grandes rótulos em torno de um mesmo conceito. Eles expressam o potencial de diferentes terroirs chilenos”, disse. Ainda que formem uma coleção, cada rótulo é vendido separadamente, a preços que vão de R$ 279,90 (Terrunyo 2018) a R$ 769,90 (Carmín de Peumo 2018). Para comparação, o Marquês de Casa Concha custa cerca de R$ 150.

A qualidade é confirmada pelas pontuações e premiações atribuídas pela crítica especializada (confira nas legendas abaixo). Alguns são exemplos de inovação. Antes elaborado no Vale de Casablanca, o Amelia agora é feito pelo enólogo Marcelo Papa a partir de uvas colhidas em Limarí, às portas do Atacama. A migração se deve à descoberta de condições climáticas excepcionais para a uva chardonnay. A safra 2018 obteve os títulos de Melhor Branco e Melhor Chardonnay do Chile pelo Guia Descorchados.

EM FAMÍLIA Se a mudança de terroir fez do Amelia um campeão, o Gravas é fruto de uma “ousadia familiar”. Em 2007, o enólogo Enrique Tirado, responsável pelo Don Melchor, foi desafiado a buscar o terroir ideal para a elaboração de um grande syrah. A escolha foi por um vinhedo enxertado sobre antigas parreiras de cabernet sauvigon no Alto Vale Maipo. Hoje, o Gravas Syrah é feito por uma das mais jovens enólogas da companhia: Isabel Mitarakis Guilisasti, filha (e quase homônima) da VP de vinhos finos do grupo. Prova de que a vinícola tem passado, presente e muito futuro.