“I’m back” (estou de volta, em inglês). Era o que dizia um vídeo apresentado por Eike Batista neste sábado, dia 6, em Florianópolis. No seu retorno, além de dar palestras, Eike pretende criar dez unicórnios, nome usado para designar startups cujo valor de mercado bate a casa de US$ 1 bilhão. Revelou pouco da estratégia, porém, para chegar lá. Diz que serão empresas de tecnologia e mineração, área na qual “sempre” teve “sucesso”. “Tenho tudo. Sei identificar oportunidades únicas. Atrair capital sempre foi fácil para mim.” Antes do evento Empreende Brazil Conference, Eike conversou com a reportagem.

O sr. falou que voltaria. Sua volta é como palestrante?

Estou de volta. Tinha de passar um certo período (afastado). Foi necessário, até porque tive de deixar as empresas em pé. Nenhuma faliu. Botei todo o meu patrimônio para que não quebrassem e não acontecesse como com as empreiteiras, que demitiram milhares. Meus projetos continuaram. Vendi (minha parte) barato. Mas busquei sócios novos, que continuaram os projetos, hoje legados extraordinários para o Brasil.

Mas o sr. voltou para trabalhar como empresário, palestrante ou influenciador?

Sou tudo. Toco a banda inteira. Vou palestrar, mas já desenhei mais de dez empresas de US$ 1 bilhão. Desenhei minhas próximas dez.

Quais são?

São na área de mineração, onde sempre tive sucesso, não só no Brasil, mas também no Chile e nos Estados Unidos. Estou mexendo na área de nanotecnologia, química e de materiais, como o grafeno, que é o material do futuro.

Quantas pessoas trabalham com o sr. Hoje?

O suficiente.

Já tem investidores?

Tenho tudo. Sei identificar oportunidades únicas. Monto unicórnios e atrair capital sempre foi fácil para mim.

O sr. já atraiu quanto em investimento para os novos projetos?

O suficiente.

Quanto é o suficiente?

O suficiente.

Quem está aportando?

A definição de unicórnios é empresa com potencial de mais de US$ 1 bilhão. Criei mais de dez e tenho dez no meu curral. Estou criando dez unicórnios.

O sr. colocou seu patrimônio nas empresas. O que o sr. tem hoje?

O suficiente.

O suficiente para quê?

Dou consultorias e tenho opções de adquirir, por minha capacidade intelectual… Num aplicativo, bota pouco dinheiro. Sou um homem de ideias.

Essa é sua primeira palestra?

Sim. Comecei agora. Tenho uma legião de jovens que me seguem, sabem o que fiz e faço. Na mídia, (dizem que) meu porto está afundando, as coisas mais ridículas. Projetos de bilhão demoram anos para ficar prontos. Graças a Deus, todos os meus ficaram prontos.

Qual o objetivo com palestras?

Nada. Estou de volta. Trouxe US$ 50 bilhões para o Brasil em projetos estruturantes. Simples assim. Vou mostrar a maior parte deles e tem os novos (que serão apresentados).

Vai dar dicas com base mais nos erros ou acertos?

Tudo. A experiência com pessoas foi meu aprendizado e maior decepção. É meio cômico acharem que é tudo Eike Batista. Cinco empresas gigantes (do Grupo X) na Bolsa e só tem Eike Batista, mais ninguém (errou)? Impressionante.

Houve quem dissesse que venderia o ingresso, por causa da sua condenação no esquema do ex-governador Sergio Cabral.

Vou abordar esse assunto (na palestra). Quero lembrar, que o réu confesso Cabral disse no depoimento: “com Eike Batista não houve toma lá da cá”.

Como o sr. avalia sua imagem?

Nunca se é unanimidade. Não quero ser unanimidade. Se fizeram uma imagem minha do que não sou, o que vou fazer? Foi feita, foi construída assim…

Foi construída por erros seus? Várias empresas suas entraram em recuperação judicial…

Uma empresa minha teve problema, a de petróleo. Na verdade, tive problema com executivos, que causaram a história e se criou uma corrida bancária.

Como foi seu tempo na prisão?

Um aprendizado. Entristeceu ver jovens que, por delitos não importantes, recebem condenação de anos e viram potenciais filiados de uma facção. Me assusta, como brasileiro humanista. Se cadeias reeducassem e os jovens tivessem chance de se reinserir na sociedade… Mas elas não são assim. Você já passou 90 dias na cadeia?

Não.

Recomendo passar, para escrever melhor sobre o assunto.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.