O verão já foi embora. Mas deixou marcas profundas em várias cidades do Brasil. As chuvas acima da média foram provocadas pelo fenômeno La Niña, que resfria as águas do Pacífico causando fortes chuvas no Nordeste e Sudeste e secas no Sul do País. Salvador teve o verão mais chuvoso em 42 anos, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Na capital baiana choveu 140% acima da média para o verão. As chuvas elevaram em 26% o valor pago pelas seguradoras em indenizações por danos a residências em janeiro sobre o mesmo mês do ano passado. Foram R$ 123 milhões em 2022, contra R$ 98 milhões em janeiro de 2021, de acordo com a Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg).

Segundo o presidente da Comissão FenSeg de Riscos Patrimoniais Massificados (residencial, condomínio, empresarial), Jarbas Medeiros, há muitos fenômenos climáticos que podem causar perdas e danos a uma residência. Mas essas coberturas específicas são de contratação opcionais pelos clientes. “Em geral, as pessoas contratam cobertura contra incêndio, que é obrigatória. Mas para cobrir perdas e danos a uma residência como queda de raios, vendavais, furacões, ciclones, tornados, alagamentos é necessário definir a cobertura para proteger o patrimônio”, disse. Uma vez contratado o seguro com estas garantias, se ocorrer um sinistro, o cliente pode acionar a companhia de forma simples por diversos meios.

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Petrópolis (RJ) foi outra cidade bastante castigada pelas chuvas. Só em fevereiro as enchentes elevaram em 186% o número de sinistros de automóveis na região em comparação com o mesmo período de 2021, de acordo om levantamento da Europ Assistance Brasil, uma das maiores empresas de serviços de assistência do País.

De acordo com a FenSeg, o valor pago em indenizações de seguro de automóveis em janeiro – incluindo colisão, roubos, furtos e danos em geral, como inundações – cresceu 34% sobre o mesmo período do ano passado, somando R$ 2,38 bilhões, contra R$ 1,78 bilhões pagos em 2021. O presidente da Comissão de Seguro Auto da entidade, Marcelo Sebastião, explica que as seguradoras disponibilizam diversos planos de seguros, mas também no seguro de automóveis é preciso estar atento aos detalhes. O seguro compreensivo, aquele popularmente chamado de seguro total, é o que garante cobertura para submersão parcial ou total do veículo em água proveniente de enchentes ou inundações. “Essa cobertura se aplica inclusive nos casos de veículos guardados em subsolo, além da queda de árvores e de muros sobre o automóvel”, afirmou. Por isso, Sebastião alerta sobre a importância de sempre verificar as condições gerais do contrato e, se for o caso, buscar orientação com o corretor de seguros.

A plataforma digital de seguros Youse informou que o número de acionamento de seguros a automóveis por causa de enchentes e alagamentos subiu 500% nos dois primeiros meses do ano, comparado aos dois últimos meses de 2021. As seguradoras orientam para que, em caso de alagamento, as pessoas procurem locais mais altos, mas, se não houver essa possibilidade, saiam do automóvel.

Ao longo de 2021, catástrofes naturais causaram perdas estimadas em US$ 270 bilhões no mundo. Os valores pagos por seguradoras chegaram a US$ 111 bilhões, conforme dados da Sigma, divisão de estudos da Swiss Re. O furacão Ida foi o desastre mais caro, mas as inundações na Europa no último ano foram as piores registradas na região. De acordo com a Swiss Re, enchentes já afetam quase um terço da população mundial, o que representa um perigo maior do que qualquer outro, fenômeno, o que exige atenção na hora da contratação de seguros diante das mudanças climáticas e o avanço da urbanização.