O sucesso está provocando insônia nos bancos brasileiros. Nunca a internet foi tão usada pelos clientes das instituições financeiras para fazer transações. O problema que os departamentos de tecnologia precisam administrar nos últimos tempos é o aumento do número de fraudes. Os bancos não comentam as perdas, mas consultorias especializadas estimam que elas chegarão a R$ 800 milhões em 2005. Para evitar o pior e impedir uma crise de credibilidade em todo o sistema, a estratégia dos bancos foi criar barreiras antifraudes. São novas senhas, contra-senhas e códigos de acesso às contas e aos caixas automáticos. ?Realmente está mais seguro. E complicado?, afirma Ricardo Theil, diretor da Zetta Technologies, companhia especializada em rastrear fraudes para bancos. Em média, segundo o especialista, os clientes estão gastando 25% mais tempo para concluir as operações. ?Fechar a porta não evita o roubo?, diz Theil.

E a migração dos bancos para a internet é irreversível. Há cinco anos, no volume total de transações do sistema financeiro, o acesso pela rede online representava apenas 1,9% contra 20,4% nos caixas das agências. No ano passado, no relatório sobre o mercado divulgado pela Federação Brasileira dos Bancos, a internet cresceu para 6,8% ? um aumento de 40,4% em relação a 2003 ? contra 12% dos caixas, que registrou queda de 18,9%. Para os bancos, as operações virtuais representam o melhor dos mundos porque significam redução de custos e automação de processos internos. É por isso, que todos adotam como prática ressarcir os clientes que comprovadamente sofreram golpes online. É a famosa relação entre custo e benefício. O problema é que daqui em diante a situação deve piorar, já que os fraudadores ficam mais sofisticados a cada dia.

Esse é o atual desafio da internet banking brasileira. Continuar crescendo na preferência dos clientes, manter a segurança e tornar o processo menos complicado. A resposta para essa equação começa a ser desenhada nos próximos meses. Alguns bancos irão aceitar nas transações o E-CPF, documento eletrônico emitido pela Receita Federal e protegido pela tecnologia de certificação digital. Nessa mesma direção, a EverSystems, que ganhou notoriedade internacional ao desenvolver produtos para clientes como o Citibank, lançou há poucas semanas uma inovação para as senhas. Em lugar de decorar várias senhas dos seus bancos, o cliente precisa ter apenas um celular em condições de receber mensagens de texto. No início de qualquer operação, o banco se encarrega de enviar uma senha aleatória que poderá ser usada para sacar dinheiro no caixa automático ou pagar uma conta na internet. ?O princípio da senha dinâmica é trazer comodidade e multiplicar a segurança. Um minuto após a emissão, ela perde a validade?, afirma Marco Aurélio Garib, presidente da EverSystems. A preocupação com a segurança também chegou aos fabricantes de caixas eletrônicos. A multinacional Diebold Procomp começou a vender no mercado brasileiro um equipamento vacinado contra todas as artimanhas conhecidas até hoje. ?A máquina ficou mais inteligente e quando percebe algo irregular fica inoperante?, diz João Abud Junior, diretor da Diebold no Brasil. Dessa forma, os bancos acreditam que os fraudadores terão mais dificuldades.

R$ 800 milhões
É quanto os bancos brasileiros perderão este ano com as fraudes online

25%
Foi aumento, em média, do tempo gasto em cada operação virtual