Nos Estados Unidos e na Europa, companhias de pequeno porte e profissionais como médicos e engenheiros são grandes consumidores de seguros. A ideia é buscar proteção contra processos judiciais de clientes insatisfeitos. Essa prática é incomum por aqui, algo que Fabio Protásio Oliveira, presidente da seguradora americana AIG no Brasil, quer mudar. A companhia e a concorrente Porto Seguro anunciaram, na quinta-feira 13, uma parceria para distribuir apólices de responsabilidade civil para pequenas e médias empresas. Os focos principais são riscos cibernéticos, ambientais e a proteção para executivos, chamada directors & officers, ou D&O. “Esses produtos são bem conhecidos nas grandes corportações, mas há um espaço de crescimento enorme junto às empresas de menor porte”, diz Oliveira.

Fabio Oliveira, da AIG: além dos clientes tradicionais, as grandes corporações (Crédito:Divulgação)

Nos Estados Unidos, eles representam uma fatia relevante do faturamento da AIG. O executivo não revela os números por aqui, mas os negócios com pequenas empresas não chegam a 10% do total. A causa é a falta de capilaridade da seguradora. Aí entra a parceria. “Empregamos 4 mil pessoas em nossas centrais de atendimento, temos 30 mil corretores cadastrados e 100 escritórios em todo o País”, diz Marcelo Picanço, diretor da Porto Seguro. “Vamos unir essa estrutura ao conhecimento específico da AIG para desenhar produtos para as empresas.”

DIVIDINDO RISCOS As tratativas entre as duas seguradoras começaram há mais de um ano. Em outubro de 2016, a AIG vendeu sua carteira de 25 mil apólices automotivas para a Porto. Desde então, as companhias vêm conversando para intensificar os negócios em comum. O funcionamento da parceria prevê funções bem divididas. A AIG vai estabelecer parâmetros como valor do prêmio e condições de contratação para os clientes. A distribuição será realizada pela Porto Seguro, que será a subscritora dos seguros. Em seguida, parte do risco será ressegurado pela AIG. O percentual de participação em cada apólice será calculado caso a caso, mas a tendência é que a maior parte da cobertura fique com os americanos. A transação ainda dependerá da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Oliveira, da AIG, afirma que um dos objetivos da parceria é recuperar posições no promissor mercado latino-americano, onde a presença da companhia encolheu após a venda da carteira de automóveis. “A América Latina, e o Brasil em especial, são estratégicos para nós”, diz.