Nem hackers, nem piratas cibernéticos, nem vírus de computador. Se há um responsável pelos problemas de segurança na hora de fazer compras nas lojas virtuais, esse é o consumidor. A maioria não se dá conta que muitos dos riscos da Internet podem ser evitados com cuidados simples. É lógico que a tecnologia de segurança empregada nos sites é fundamental, mas a atenção deve ser redobrada. ?Cerca de 90% dos problemas são causados por descuidos simples do internauta?, explica Cássio Vecchiatti, diretor da Abranet, a Associação Brasileira dos Provedores de Acesso. Erros que a maioria nem sabe que está cometendo. Para evitar as dores de cabeça e, o pior, o prejuízo, existem algumas dicas que estarão numa cartilha a ser lançada pela Abranet na semana que vem. O estudo está em revisão final pelo Comitê Gestor, órgão que regulamenta a rede brasileira. ?Não adianta implementar regras e filtros se os usuários tiverem uma postura que favorece os invasores?, explica o consultor de segurança Roberto Cury Jr., responsável pela cartilha, que estará disponível na homepage da Abranet e na do Comitê Gestor.
A maior parte dos conselhos do manual não exige mais do que bom senso. Uma das dicas da cartilha proposta pela Abranet, por exemplo, é nunca fazer compras em cibercafés. Isso por que seus dados podem ficar registrados na máquina à disposição de um próximo usuário mal-intencionado. ?O ideal é comprar em um computador onde você tem controle sobre quem usa?, diz Cury. O principal cuidado ? especialmente na hora de passar o número do cartão de crédito ? é ver se aparece aquele ?cadeadinho? na parte inferior da tela. Isso é um certificado de segurança do site. Outro conselho importante é que você só saia de uma loja virtual seguindo o mecanismo de saída da homepage. Resista à tentação de acabar suas comprinhas fechando a página de qualquer jeito. Prefira o ícone ?desconectar-se?, ou ?fechar sessão?. Parece desnecessário, mas ignorando isso você pode deixar seus dados mais vulneráveis a invasores.

A cartilha também vai trazer outras medidas simples e que evitam dor de cabeça. Por exemplo, nunca escolha senhas óbvias como nomes de familiares, RG ou palavras em inglês. Há quem erre por ter a mesma senha em vários serviços. Se o invasor descobre uma, sabe todas. Pode parecer paranóia, mas recomenda-se até que você pegue a primeira letra de cada palavra no verso de uma música e a converta em número. Loucura? Não pára por aí. É preciso mudar isso uma vez por mês. Outro problema é o de arquivos ?atachados?, que facilitam a invasão do seu e-mail. ?Nunca deveriam ser abertos. Mesmo sabendo a origem?, alerta Cury.

Ainda no capítulo compras virtuais, além de escolher bem a loja, é possível recorrer a soluções próprias para comércio eletrônico. A última é um cartão de débito só para a web, o cheque eletrônico.com. A vantagem é que, diferente do cartão de crédito, ele tem uma senha que dá mais segurança à transação. Além disso, a operação é feita no site do cartão, um ambiente mais seguro que o da loja. ?Antes, toda a parte financeira da compra ficava no servidor da loja?, explica Rogério Proença, diretor de negócios da Tec Ban, que criou o produto. ?Agora, o lojista não vai nem ter acesso a essa transação.?