Resíduos e sedimentos gerados pelas recentes inundações no norte da Austrália estão se movendo para áreas da Grande Barreira de Coral, um fenômeno que priva os corais de luz natural e gera mais alimento para a predatória estrela do mar “coroa-de-espinhos”.

Partes do norte de Queensland ainda estão se recuperando de duas semanas de fortes chuvas que transformaram estradas em rios e inundaram centenas de casas.

A cientista Jane Waterhouse, da Universidade James Cook, explicou que vários rios transbordaram ao longo de centenas de quilômetros da costa, lançando sedimentos nos recifes, reduzindo significativamente a qualidade da água e sua luminosidade.

“Os recifes de coral e a vegetação marinha precisam de luz para manter sua saúde e nível de crescimento”, declarou Waterhouse à AFP.

Após o período de chuva, o tempo melhorou, mas a água turva ainda precisa se dissipar.

Isso ameaça seriamente os corais nas áreas mais afetadas, como na foz do rio Burdekin, onde uma mancha marrom se estende por quase 100 quilômetros mar adentro.

“Se isso continuar, não demorará muito para que esses sistemas morram”, acrescentou a especialista.

Os efeitos não poderão ser totalmente analisados até que as tarefas de monitoramento sejam concluídas, um processo que ainda pode demorar alguns meses, até que o sedimento se disperse ou se estabilize.

Inscrita no Patrimônio Mundial da Humanidade da Unesco em 1981, a Grande Barreira de Coral, de 2.300 quilômetros, passou por um grande período de branqueamento em 2016 e 2017, quando grandes áreas de corais morreram pelo aumento das temperaturas da água devido ao aquecimento global.

Mas esses recifes também são ameaçados pela estrela do mar “coroa-de-espinhos” (Acanthaster planci), uma espécie altamente predatória que se alimenta de corais e se prolifera devido à poluição e sedimentos provenientes da agricultura.

As recentes inundações aumentaram exponencialmente a quantidade de sedimentos, o que por sua vez promoveram o crescimento de algas em grandes áreas.

“Isso proporciona uma incrível fonte de comida” para essa espécie de estrela do mar, disse Waterhouse.