Os países ricos têm a responsabilidade de garantir que a pandemia não acabe com os esforços para combater a pobreza no mundo, disse nesta terça-feira a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen.

“É de responsabilidade dos países desenvolvidos garantir que o progresso de décadas na luta contra a pobreza em nível mundial e na tentativa de eliminar as lacunas de receita entre os países ricos e pobres não seja revertido devido à pandemia”, assinalou a secretária.

A responsável pela política econômica do governo Joe Biden discursou no início das reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM), em um fórum sobre a recuperação econômica do qual participaram a diretora do FMI, Kristalina Georgieva, e o presidente do BM, David Malpass.

Embora em seu relatório semestral Perspectivas da Economia Mundial, divulgado hoje, o FMI tenha aumentado sua estimativa de crescimento do PIB global para 2021, a instituição advertiu que a crise provocada pela emergência sanitária “reverteu os avanços na redução da pobreza”. Segundo o Fundo, 95 milhões de pessoas passaram à extrema pobreza em 2020, enquanto a população de desnutridos cresceu em 80 milhões de pessoas.

Janet Yellen encorajou os países desenvolvidos a usarem as políticas fiscal e monetária para continuar apoiando uma recuperação global.

– Aumento de recursos do FMI –

A secretária apoiou os planos para aumentar os Direitos Especiais de Saque (SDRs, sigla em inglês) do FMI, aos quais os países membros podem recorrer para financiar a sua recuperação. “Precisamos proporcionar um pacote de recursos que suas organizações possam usar para ajudar os países em desenvolvimento, países de receita baixa”, assinalou, dirigindo-se ao FMI e ao BM.

Os SDRs são um ativo de reserva internacional criado em 1969 pelo FMI para complementar as reservas cambiais de seus países membros na instituição. Seu valor é baseado em uma cesta das cinco principais moedas internacionais e eles podem ser convertidos para qualquer moeda.

Os diretores executivos do Fundo debateram há duas semanas uma nova emissão de SDRs, no equivalente a 650 bilhões de dólares, para reforçar as reservas da instituição, o que “liberaria recursos de que os países membros necessitam com urgência para ajudar a combater a pandemia, como, por exemplo, com programas de vacinação e outras medidas, e complementaria as diversas ferramentas que o FMI empregou para apoiar os países membros neste momento de crise”, assinalou Kristalina Georgieva no mês passado.