O acordo entre o Mercosul e a União Europeia vai ser um catalisador de reformas dentro do bloco sul-americano e é isso que a equipe econômica está buscando, disse nesta quinta-feira, 25, o coordenador geral de negociações extra regionais da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), Carlos Biavashi Degrazia.

“A ideia é que a partir desse acordo com a UE a gente promova reformas dentro do Mercosul que permitam maior flexibilidade, maior modernização para que o Mercosul possa se adaptar aos desafios”, disse após palestra para empresários na Casa Firjan, da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro.

Ao final da palestra, uma empresária questionou o executivo da Secex sobre como será feita a divisão entre os países em relação à exportação de arroz, por exemplo, que tem no Uruguai também um importante produtor. “Cada guerra de uma vez”, disse brincando, sinalizando que as negociações poderão ser acirradas entre os países, o que é normal, mas que serão escolhidos critérios e haverá muito debate até que se feche o acordo definitivo.

“A partir de agora terá que ser feita a divisão. Nós recebemos cotas da UE, cotas por exemplo de carnes de 99 mil toneladas que nos ofereceram e vai ter que ter uma divisão dentro do Mercosul. O nível dessas cotas ainda não foram definidos, mas é um dos temas que serão objeto de debate”, explicou.

Segundo ele, ainda não há uma data específica para a divisão das cotas. “Entendo que vai ter um debate interno dentro do Mercosul e vai se buscar critérios para fazer a alocação dessas cotas”, disse.

Presente no evento, o embaixador Graça Lima, membro do Conselho de Relações Internacionais da Firjan, que há anos acompanha o assunto, afirmou que ainda faltam muitas etapas para o acordo ser concluído e existem muitos obstáculos, e citou como exemplo a França, lembrando que existem produtos sensíveis que mesmo que tenham tarifa zero não serão importados

“A conclusão das negociações é uma boa notícia, mas não é o fim do processo. É o início de um processo de natureza política com todas as implicações que isso tem”, avaliou. “Eu vejo muitos obstáculos à frente, e existe uma coisa que é realidade política, e países como a França são muitos sensíveis, tem muitas exigências de determinados setores. Não é à toa que muitos produtos nunca terão livre comercio”, explicou.