Por Maximilian Heath

BUENOS AIRES (Reuters) – O clima seco nas últimas semanas e as poucas esperanças de chuvas significativas para o resto do mês no cinturão da soja da Argentina estão provocando temores de um “desastre produtivo” semelhante ao de 2018, disse a bolsa de grãos de Rosário (BCR) nesta quinta-feira.

A Argentina, maior exportador mundial de óleo e farelo de soja, já viu sua campanha 2021/22 marcada pela seca e ondas de calor de dezembro até meados de janeiro, quando as chuvas finalmente chegaram. No entanto, as precipitações se dissiparam novamente este mês.

“Há novas más notícias para a Argentina em relação ao clima. ‘La Niña’ ganhou terreno e seu impacto não será diminuído, como imaginávamos há apenas alguns dias”, disse a bolsa em um relatório mensal.

“O fantasma do desastre produtivo de 2018 está em torno da soja 2021/22”, acrescentou, referindo-se à seca que levou a colheita abaixo de 38 milhões de toneladas naquele ano.

A previsão atual, já cortada acentuadamente em janeiro, é de 40,5 milhões de toneladas.

Agricultores e meteorologistas esperavam chuvas mais fortes na segunda quinzena de fevereiro, embora esteja crescendo a preocupação de que elas não se concretizem, com grandes áreas dos campos normalmente exuberantes dos Pampas argentinos já secas.

Nas províncias de Santa Fé, Córdoba e Entre Rios “a situação ainda é muito delicada, com condições de solo variando de escassa (umidade) à seca”, disse a bolsa, acrescentando que a província do norte de Buenos Aires recebeu chuvas adequadas.

SINAL PARA MILHO

A bolsa disse que era difícil prever as condições na terceira e quarta semana de fevereiro. “Mas o que pode ser visto hoje definitivamente não é encorajador”, acrescentou.

O período de seca ocorre em meio a um padrão climático “La Niña”, que diminui os níveis de chuva nas planícies centrais da Argentina. No mês passado, especialistas previram que isso desapareceria, mas a bolsa de grãos disse que a situação parecia ainda estar ativa e permaneceria assim.

Em seu relatório mensal, o BCR manteve sua estimativa para a colheita de milho 2021/22 em 48 milhões de toneladas, mas alertou que os baixos rendimentos de algumas colheitas excepcionalmente precoces devido ao clima seco “não são um bom sinal”.

No mês passado, a bolsa baixou sua estimativa de produção de milho em 8 milhões de toneladas devido à seca de dezembro a janeiro. A Argentina figura como o segundo maior exportador de milho do mundo.

“Precisamos esperar que a colheita de milho avance ainda mais para ter uma imagem clara dos resultados”, disse a bolsa.