A possibilidade de saída do ministro Paulo Guedes do governo é uma possibilidade que precisa ser contemplada, avalia economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor de assuntos internacionais do Banco Central (BC).

Schwartsman disse não acreditar que a saída do ministro da Economia vai acontecer no prazo curto. O economista fez, porém, um paralelo da situação de Guedes da Economia com a anedota do sapo na panela que não percebe a água esquentar até ferver e morrer. “O ministro está fazendo o papel do sapo e a água está fervendo”, disse Schwartsman ao participar de debate na Jovem Pan.

A agenda do ministro da Economia, frisou o ex-diretor do BC, não é a mesma do presidente. “O ministro Paulo Guedes está sendo desidratado a cada dia. O programa apresentado na eleição não era um programa para valer. Como ministro é pessoa inteligente, acho que percebeu isso”, comentou.

Segundo o economista, a prioridade do presidente Jair Bolsonaro não tem nada a ver com ajuste fiscal, teto dos gastos ou desestatização, mas sim garantir a reeleição e ele sentiu o “gostinho” da popularidade ao liberar o auxílio emergencial na pandemia. “Eu gasto mais e a minha chance de reeleição aumenta e tem um ministro chato que quer impedir isso”, observou Schwartsman, acrescentando que a maior consequência de não reequilibrar as contas públicas será uma reversão total do quadro atual de inflação baixa.

Ao lembrar o papel do presidente no debate da reforma da Previdência, principal medida econômica aprovada até agora no mandato, Schwartsman lembrou que Bolsonaro pediu mais desculpas pela mudança nas regras das aposentadorias do que pela tragédia do coronavírus.