Ao longo das últimas décadas, a Livraria Saraiva reescreveu sua história em três oportunidades. A primeira quando abriu sua primeira megastore, em 1996. O segundo marco foi a estreia da companhia no comércio eletrônico dois anos depois. Hoje, as vendas do site representam 35% do faturamento de mais de R$ 1 bilhão. E, por fim, quando comprou a rival Siciliano em 2008.

 

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“O livro digital levará menos de cinco anos para se tornar um negócio relevante” 
Marcílio Pousada, presidente da Livraria Saraiva
 

Agora, a maior rede de livrarias do Brasil dá um novo passo que pode definir o seu futuro e transformar rapidamente o seu negócio. A companhia está anunciando a sua entrada no embrionário mercado de livros digitais, em que o papel dá lugar aos bits. “Temos certeza de que o livro digital levará uma fração dos cinco anos que o nosso site demorou para se tornar relevante”, afirma em entrevista exclusiva à DINHEIRO, Marcílio Pousada, presidente da Saraiva.

No ar desde meados de junho, a nova seção de livros digitais da Saraiva ainda não seduziu os consumidores. Das mais de 12 mil compras diárias que acontecem no site da empresa, aproximadamente 50 são de e-books. “Todo novo negócio leva um tempo para se tornar importante”, diz Pousada. Observe o exemplo da Amazon, maior loja de comércio eletrônico do planeta.

Ela foi pioneira, em 2007, ao associar a venda de livros digitais a um leitor de e-books, o Kindle. Mas só no ano passado, os resultados começaram a surgir. No Natal de 2009, por exemplo, os livros digitais superaram em vendas os de papel. Um resultado histórico. Para chegar a este patamar, a Saraiva tem o desafio de aumentar o seu acervo digital.

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Atualmente, são cerca de mil títulos em português, dos quais 250, gratuitos. A oferta deve crescer nos próximos meses, assim como as formas de comprar e ler os conteúdos (saiba quais são as plataformas da Saraiva na página ao lado). Ainda assim, será pouco frente aos mais de 2 milhões de títulos em papel. Essa é uma consequência direta da postura das editoras no País.

“Elas até querem associar a sua marca à inovação, mas ainda têm receio do e-book”, afirma Galeno Amorim, diretor do Observatório do Livro e da Leitura, entidade que faz pesquisas sobre o mercado de livros no Brasil.

Não por acaso, esse mercado ainda engatinha no Brasil e não há sequer ideia de seu tamanho. De acordo com a consultoria Pricewaterhouse-Coopers, a receita com a venda de livros digitais no mundo deve crescer de US$ 1,1 bilhão, em 2009, para US$ 4,1 bilhões, em 2013.  A comercialização de leitores de e-books, como o Kindle, da Amazon, e o Nook, da Barnes & Noble, deve mais do que dobrar, pulando de 5 milhões de unidades em 2009 para 12 milhões neste ano, segundo a consultoria Informa.

Esses dados não incluem o iPad, da Apple, que também tem um leitor de livros digitais. O aparelho, em apenas 80 dias, vendeu 3 milhões de unidades. “A entrada de grandes empresas, como a Saraiva, deve tornar mais ágil a oferta de novos títulos”, acredita Newton Neto, diretor da Editora Singular, braço digital do Grupo Ediouro.


Conheça as rivais da Saraiva

Gato Sabido – o acervo conta com 1.600 títulos nacionais e mais de 100 mil internacionais.
Também vende um e-book da marca chinesa Cooler por R$ 750

Livraria Cultura – oferece mil obras nacionais e cerca de 120 mil internacionais. Prepara para as próximas semanas a entrada no mercado de audiobooks com cerca de 20 mil obras estrangeiras