A mostra “O impressionismo e o Brasil” será aberta nesta terça-feira (16), no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), às 20h. Cerca de 70 pinturas do período, entre os anos de 1860 e 1930, fazem parte da exposição. Oito telas são de Pierre-Auguste Renoir, um dos precursores do movimento artístico na França. As demais obras são de dez pintores brasileiros e estrangeiros que moravam no país. A mostra, que pode ser vista até dia 27 de agosto, tem curadoria de Felipe Chaimovich.

Uma das propostas é demonstrar as possibilidades para a arte impressionista trazidas pelo avanço da indústria da tinta a óleo. As inovações permitiam o exercício da pintura ao ar livre, característica do impressionismo.

“Os pintores passaram a considerar seus quadros executados no calor da hora como obras acabadas, deixando visível a tinta grossa aplicada com gestos rápidos. Assim, nascia a arte construída a partir de materiais industriais de última geração postos em primeiro plano”, explica a curadoria.

No Brasil, o impressionismo se desenvolve impulsionado pela chegada de tintas e insumos no mercado local e também pelo intercâmbio artístico com a França. “A pintura pitoresca virou moda no Rio de Janeiro, levando uma infinidade de pintores amadores a pintar ao ar livre, estimulados pela praticidade da tinta a óleo em bisnagas, os novos pincéis e o equipamento portátil”, diz texto de apresentação da mostra.

A arte comparada a smartphones

A explosão do fenômeno dos anos 1880 é comparada pelos organizadores da exposição ao que ocorre atualmente com o registro instantâneo por meio dos smartphones. Ao utilizar dois documentos da época, Felipe Chaimovich comprovou o aumento crescente de casas de artigos para pintura na capital do Império. “Em 1844, a cidade contava com seis lojas de tintas em geral; já em 1889, o negócio prosperava, com 52 lojas especializadas no comércio de materiais para artistas”, exemplifica.

Entre as obras apresentadas, estão os trabalhos dos irmãos negros João e Arthur Timotheo da Costa,  Georgina de Moura Andrade Albuquerque, Lucílio de Albuquerque, Eliseu D’Angelo Visconti, Antônio Garcia Bento, Mário Navarro Costa, Giovanni Battista Castagneto e Antonio Parreiras.

Será exibida também uma tela do pintor bávaro Georg Grimm. Segundo os organizadores, ele chegou ao Brasil no momento de explosão do movimento no país. Ao lecionar como professor interino da Academia Imperial de Belas Artes, adotou o método de pintura de paisagem ao ar livre.

Um destaque desta montagem é a construção de uma linha do tempo para contar a história do impressionismo. Ela tem início em 1782, quando é lançado na Grã-Bretanha um guia de viagens voltado para o turismo pitoresco, passa pela evolução da indústria e pela trajetória dos principais artistas.

O visitante confere também três vídeos didáticos do cineasta Carlos Nader, abordando temas como a busca por locais com irregularidades para a produção impressionista, o ensino da pintura de paisagem no Brasil e a demonstração da pintura rápida nos estilos de Monet e Renoir.