Não faz muito tempo, o investidor brasileiro era invejado por seus pares em outros países. Ele desfrutava do melhor dos mundos. “Havia rentabilidade alta, risco baixo e liquidez diária, tudo ao mesmo tempo”, disse o CEO da Santander Asset, Gilberto Duarte de Abreu Filho. Essa vida tranquila, porém, acabou e não vai voltar. Mesmo com o início do movimento realizado na quarta-feira (17) pelo Banco Central (BC) para elevar a taxa referencial Selic, o novo patamar de juros vai obrigar os investidores a renunciar a pelo menos uma dessas três características. “Ele terá de pesquisar mais antes de investir e de se familiarizar com produtos que não conhecia”, disse Abreu.

Os investidores podem sentir falta dos velhos bons tempos, mas a empresa de gestão do Santander vê o novo cenário como uma oportunidade. “Agora, há produtos mais sofisticados, que antes eram acessíveis apenas a clientes de alta renda, à disposição de uma gama maior de investidores”, disse. A riqueza – sem trocadilhos – é grande. Atualmente, tornou-se lugar comum investir em ativos fora do País, em alternativas sofisticadas como derivativos de ações, juros e moedas e em commodities. Ao estruturar fundos com vários perfis e manter uma boa relação entre risco e retorno, o Santander foi escolhido o Melhor Banco Para Investir na categoria Alta Renda nesta edição do prêmio elaborado em parceria por DINHEIRO e pelo Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas.

Segundo Abreu, foi possível notar o amadurecimento dos investidores durante o ano passado. Os indicadores de risco explodiram e os preços dos ativos desabaram, entre eles as ações. Pela primeira vez na história, a B3 teve de interromper seus negócios por duas vezes em um mesmo pregão devido a quedas superiores a 10%. Apesar de inédita, a série de seis interrupções em oito pregões não levou a uma debandada do mercado. “Ao contrário, muitos investidores aproveitaram o momento para entrar na bolsa.

No entanto, também há desafios. A diversificação de produtos aumenta riscos e responsabilidade do banco para vender o produto certo. Por isso, a empresa de gestão ligada ao banco internacional está apostando em um movimento de curadoria. Isso é mais frequente nos momentos de crise. Muitos investidores neófitos aproveitam para testar estratégias de mercado, e cresce a probabilidade de tomarem decisões ruins. “Quem não vende corretamente com certeza terão clientes insatisfeitos”, afirma Abreu.