SÃO PAULO (Reuters) – O Santander registrou mais um ano de forte crescimento da concessão de crédito para pequenos projetos de geração solar e espera dobrar o tamanho da carteira em 2022, na esteira da corrida por instalações antes das mudanças previstas na nova lei do segmento.

Em 2021, o banco concedeu 5,3 bilhões de reais para financiar a compra de equipamentos e a instalação de sistemas geradores de energia solar em residências e empresas.

Esse é o terceiro ano consecutivo que os volumes dobraram, uma tendência que levou o banco a responder por pouco mais de um terço dos financiamentos de projetos fotovoltaicos em escalas comercial e residencial no mercado brasileiro.

O Santander não divulga a quebra das concessões para pessoa física e pessoa jurídica, mas indicou que em 2021 o aumento da procura pela geração solar própria se deu de maneira ainda mais intensa entre pessoas físicas, com quatro vezes mais demanda do que no ano anterior.

Para 2022, a expectativa é de mais um ano positivo, sustentado pela popularização dos sistemas de geração e pelo impulso que o mercado ganhou com o marco regulatório, sancionado neste ano.

“Todos os pedidos de homologação (de sistemas de geração própria) feitos até janeiro de 2023 estão isentos de algumas cobranças até 2045, então há uma corrida… Toda a cadeia está falando muito sobre isso, coloca um senso de urgência em quem quer instalar painéis”, afirmou Fabio Mascarin, superintendente de Estratégia de Negócios da Santander Financiamentos.

Hoje, empreendimentos de geração distribuída de energia operam com um sistema de compensação: o consumidor proprietário da usina recebe um crédito na conta de luz pelo saldo positivo de energia gerada e inserida na rede, após desconto seu consumo. Além disso, o segmento é isento do pagamento de alguns componentes tarifários, como a tarifa de uso do sistema de distribuição (TUSD fio B).

Para impulsionar o acesso à geração solar, a estratégia do Santander passa pela oferta de financiamentos com parcelas que empatam com o custo mensal da conta de energia elétrica convencional, chegando até mesmo a ficar abaixo do valor.

O Brasil tem atualmente quase 1,1 milhão de unidades consumidoras com geração própria de energia a partir da fonte solar, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Ao todo, essas instalações somam 9,3 gigawatts (GW) de potência.

Outro fator que vem estimulando os financiamnetos é o crescimento da quantidade de integradores, profissionais que trabalham diretamente com os clientes finais, realizando a instalação dos sistemas geradores e a homologação junto às distribuidoras de energia.

Mascarin afirma que a financeira do Santander triplicou o número de parceiros comerciais no país entre 2019 e 2021. Hoje, o banco trabalha com uma rede de aproximadamente 3 mil integradores e possui uma equipe de consultores dedicada a credenciar novos agentes.

O executivo avalia que, mesmo com a mudança de regras a partir de 2023, a geração distribuída continuará vantajosa para os consumidores, que também veem na alternativa um apelo de sustentabilidade ambiental.

“O retorno (payback) de uma instalação hoje é de 3 a 5 anos, isso tende a aumentar, mas ainda continuará atrativo”.

(Por Letícia Fucuchima)

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