(Reuters) – Analistas do Santander Brasil entenderam que a primeira mensagem do novo governo federal tem efeitos divergentes entre ações de ligadas a infraestrutura, particularmente Rumo, Hidrovias do Brasil, CCR e Ecorodovias, conforme relatório a clientes nesta terça-feira.

Lucas Barbosa e equipe chamaram a atenção particularmente para o discurso do ministro dos Transportes, Renan Filho, no último domingo, destacando da fala dele planos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de dar continuidade ao projeto da ferrovia Ferrogrão.

A equipe do banco também listou como destaques da agenda do governo o interesse na criação de um novo marco legal para estimular projetos ferroviários e a continuidade das obras em andamento e a retomada de projetos inacabados ou paralisados, que os analistas entendem se tratar principalmente de rodovias.

Eles chamaram atenção ainda para menção do ministro sobre a necessidade de ter recursos públicos para apoiar investimentos, embora tenha descartado a opção de usar subsídios. “Não temos certeza se isso implica linhas de financiamento não subsidiadas”, afirmaram os analistas.

Na visão de Barbosa e equipe, esses primeiros sinais têm implicações negativas para Rumo, uma vez que o projeto Ferrogrão, que concorreria com o corredor Norte da Rumo, perdeu força ao longo de 2022 devido a uma série de contratempos em seu desenvolvimento, o que reduziu a probabilidade de ser leiloado.

“No entanto, com o aval do ministro e o status de prioridade, o projeto pode ganhar força. Se o ministro estruturar o projeto como uma PPP, sua viabilidade econômica, um de seus principais desafios, poderá ser mais facilmente alcançada”, afirmaram no relatório.

Eles ressaltaram, entretanto, que alguns membros da atual administração podem ser contra o projeto devido aos seus impactos ambientais e sociais.

Outro fator desfavorável para a Rumo, na visão dos analistas, é que, dependendo do projeto, a possibilidade de ter ferrovias por meio de PPPs pode representar algum risco de concorrência para a Rumo no longo prazo.

Nesta terça-feira, Renan Filho disse que o transporte contínuo em rodovias é insustentável e o caminho para resolver isso é a ampliação da malha ferroviária, defendendo a participação da iniciativa privada nesse processo.

No setor de rodovias, os profissionais do Santander Brasil veem um efeito neutro para CCR e Ecorodovias.

Eles avaliam que se discussão sobre eventuais linhas de financiamento subsidiadas seria positivo para os ativos atuais das concessionárias de rodovias. “Mas também notamos que pode aumentar a concorrência em novos leilões no médio prazo.”

Olhando para Hidrovias do Brasil, eles veem implicações positivas das primeiras sinalizações, “devido a uma probabilidade um pouco maior do projeto Ferrogrão ser leiloado”.

(Por Paula Arend Laier)

tagreuters.com2023binary_LYNXMPEJ0300A-BASEIMAGE