O delator João Santana, marqueteiro das campanhas dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014), confessou nesta terça-feira, 18, ao juiz federal Sérgio Moro, dos processos da Operação Lava Jato, em Curitiba, que fez a campanha presidencial em El Salvador a pedido de Lula e com dinheiro de caixa 2 da Odebrecht.

“Houve recebimento de pagamentos não contabilizados?”, quis saber Moro.

“Houve, constante, aliás como é uma prática no mercado de marketing político eleitoral, no Brasil e em boa parte do mundo.”

“Houve pagamento não contabilizado proveniente do Grupo Odebrecht?”, perguntou o magistrado.

“Sim, sim, bastante.”

Santana e a mulher, Monica Moura, são réus em ação penal pelo recebimento de caixa 2 da Odebrecht, em nome do PT.

O juiz mostrou uma tabela do setor de propinas da Odebrecht em que há o registro de pagamento de R$ 5,3 milhões para “Evento El Salvador via Feira”. Segundo descobriu a Lava Jato, “Evento” era campanha e “Feira” era o codinome do casal Santana.

“Isso foi em 2009, quando fizemos a campanha presidencial El Salvador do então candidato e depois eleito Maurício Funes. Foi campanha que fizemos a pedido do presidente Lula.”

“Proveio do grupo Odebrecht?”, quis saber Moro.

“Sim, sim, imagino que sim.”

O juiz perguntou qual a relação do PT com esses pagamentos.

“No caso, já existia minha relação da minha empresa com o Grupo Odebrecht, lá foi aberta na campanha de reeleição do presidente Lula. Na época, o ministro Antonio Palocci, já não era mais ministro, ele fez esse contato e uma parte do pagamento dessa campanha de reeleição do presidente Lula foi feito através da Odebrecht”, explicou Santana, que no início do mês teve sua delação premiada com a Lava Jato homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“A partir daí, isso se repetiu no ano de 2009, quando fomos convidados para fazer essa campanha a garantia nos foi dado foi o PT, pelos seus representantes já citados e que a Odebrecht faria esses pagamentos”, disse o marqueteiro, que chegou a ser preso em fevereiro de 2016, pela Lava Jato, e solto em agosto, após iniciar negociação de delação.

“Foi feita a pedido dos representantes do PT?”, perguntou Moro.

“Sim.”

“E paga pela Odebrecht?”

“Sim, por pagamentos não contabilizados.”