Muitas brocas foram quebradas até a Petrobrás chegar à produção de mais de um milhão de barris no pré-sal por dia, marca que levou 45 anos para ser conseguida nos campos convencionais do pós-sal. Desde 2006, em parceria com universidades, sócias, empresas de serviços nacionais e internacionais, a estatal conseguiu no mar avanços tecnológicos que costumam ser comparados aos obtidos pela Nasa no espaço, de tão complexos e inovadores.

Após anos de pesquisas que resolveram os principais desafios enfrentados, como a região inóspita dos reservatórios, a alta pressão, a presença de contaminantes, entre outros, a Petrobrás foi premiada em 2015 pelo conjunto de 10 pesquisas dedicadas ao pré-sal com o OTC Distinguished Achievement Award for Companies, Organizations and Institutions, o maior reconhecimento tecnológico para uma empresa de petróleo, concedido pela OTC (Offshore Technology Conference), principal encontro internacional do setor.

Mas nem sempre foi assim. Há anos a Petrobrás sabia da possibilidade da existência de reservatórios do pré-sal e não tinha tecnologia disponível no mundo para extrair a riqueza do fundo do mar. O maior desafio era a própria camada de sal, que teimava em voltar para os poços recém-perfurados, conta o gerente-geral do centro de pesquisa da Petrobrás para desenvolvimento em exploração e produção, Farid Salomão Shecaira.

Furos. “Quando furaram os primeiros poços do pré-sal, a camada de sal, apesar de rígida, fluía como uma gelatina para dentro do poço. Isso era considerado um grande desafio. Hoje, a gente fura com tranquilidade, já se furou mais de 200 poços e nunca aconteceu uma catástrofe”, disse o executivo.

O problema foi resolvido após muito trabalho de geofísica e laboratório. Foi feita uma modelagem geomecânica (estudo do comportamento mecânico do solo e das rochas) para esse tipo de poço, explica Shecaira, medindo o peso ideal de fluido de perfuração que era necessário para atravessar o sal sem fechar o poço.

Entre o primeiro teste em 2006 e o início da produção foram apenas 30 meses. O tempo para construção de poços caiu de 225 dias, do pioneiro Paraty, para 40 dias. Só em Paraty foram quebradas 30 brocas: “Descobrimos que a tecnologia de brocas existentes na época era totalmente inútil, tivemos de aperfeiçoar isso também.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.