Já era esperado o pedido de demissão de Maria Sílvia Bastos Marques da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na avaliação de Adeodatto Volpi Neto, estrategista-chefe da Eleven Financial Research. Anunciada na tarde da sexta-feira 26, a saída da economista mostra claramente o enfraquecimento do governo de Michel Temer.

Segundo Volpi, Maria Sílvia teve um papel importante, de corrigir as distorções que existiam no BNDES e melhorar tanto a transparência quanto a governança do banco. “Porém, nesse processo, ela acabou restringindo tanto a concessão de empréstimos que o BNDES ficou travado”, diz ele.

Para o estrategista, a elaboração de uma agenda positiva por parte do governo passa por um BNDES capaz de ser mais ativo no financiamento da infraestrutura. “Não existe projeto de infraestrutura no Brasil que seja viável sem a participação do BNDES”, diz ele. “Se o custo de capital foi calculado pelos juros de mercado, não há projeto que pare em pé, e isso independe de o governo ser mais ou menos gastador.” Austera por perfil e por mandato, a economista acabou desagradando gregos e baianos, os poucos que sobraram.

Agora, a perspectiva do mercado é que um eventual sucessor de Michel Temer deverá colocar um nome mais “desenvolvimentista” no BNDES, enquanto ao mesmo tempo preserva a equipe econômica, com Fazenda e Banco Central permanecendo inalterados. A conferir.