Talvez você, consumidor, não esteja familiarizado com o nome da empresa: Puratos. Mas já deve ter degustado algum produto com os ingredientes da companhia belga que ajuda padeiros, confeiteiros, chocolatiers e a indústria desse segmento a levar algumas delícias para o forno. Um mercado que movimentou R$ 105,8 bilhões em 2021, 15,3% a mais do que o ano anterior, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Panificação (Abip). Resultado obtido pela ampliação do cardápio do brasileiro, que tem experimentado outros tipos de pães, com grãos, sementes, formatos e sabores diversificados. Para dar uma mordida maior nessa fatia bilionária, a Puratos coloca fermento na sua receita para crescer seu bolo no País. Investe R$ 100 milhões na operação brasileira, para desenvolver novas linhas produtivas e modernizar as atuais.

“O Brasil é um dos dez países de maior representatividade no nosso negócio, com perspectivas de aumento no investimento total e maior crescimento para o futuro em relação à média da companhia”, disse à DINHEIRO Pierre Tossut, CEO Global da Puratos. Ele assumiu o comando da empresa em janeiro e esteve no Brasil no início de maio. Sua missão é desafiadora: aumentar os atuais 2,2 bilhões de euros de faturamento para 5 bilhões de euros até 2030. O Brasil é fundamental nesse processo. Enquanto o aumento no faturamento global da companhia foi de 14%, no País o crescimento foi de 19% — os números totais não são divulgados. E tem uma perspectiva de avanço superior ao de outras operações. “Quando comparamos, por exemplo, o consumo de pães em países com mercados já bem maduros, como a Turquia, a França e até mesmo a Bélgica, onde a Puratos está sediada, vemos que por aqui o consumo per capita é quase a metade”, afirmou Tossut.

PESQUISA Companhia aplica 2,5% de seu faturamento no desenvolvimento de novos produtos. No Brasil, inaugurou centro de inovação ano passado. (Crédito:Daniel Ribeiro )

INOVAÇÃO Fundada em Bruxelas em 1919, a Puratos está desde 1986 no Brasil, onde possui duas fábricas localizadas em Guarulhos (SP) e um centro de inovação, no bairro da Vila Olímpia, em São Paulo, inaugurado ano passado com o propósito de receber clientes para estudos e desenvolvimento de novas soluções. “A inovação tem sido um motor para nosso crescimento. Produtos lançados nos últimos dois anos representam mais de 10% de nossas vendas totais no Brasil”, disse o CEO, ao destacar que 2,5% do faturamento mundial são investidos em pesquisa e desenvolvimento de novas soluções. No mercado nacional entram 40 mil toneladas de alimentos da Puratos por ano. São 200 produtos nas três categorias de atuação (panificação, confeitaria e chocolate). O modelo de negócio é basicamente B2B, com fornecimento para artesãos até grandes marcas, como Bauducco, Nestlé e Visconti.

Além da busca própria por novos produtos, a Puratos também pretende se aproximar de startups. Para isso, lançou recentemente a iniciativa Sparkails, que visa atrair e dar suporte, com mentoria e investimentos, empreendedores inovadores do setor que estejam em fase de pré-seed (até R$ 500 mil) ou seed (de R$ 500 mil a R$ 1,5 milhão). “O Brasil é um dos países que têm muitos talentos criativos que se encaixam no perfil”, disse Tossut. “Temos ótimas expectativas de poder atraí-los e ajudá-los a crescer como empreendedores utilizando o networking da nossa empresa.” Mais um ingrediente na receita da Puratos.