A entrada em vigor do Pix, novo sistema de pagamentos instantâneos do BC (Banco Central), pode levar bancos a perderem receita com transferências e a preocupação é que haja aumento nas tarifas. Especialistas, no entanto, tranquilizam o consumidor: o próprio Pix traz novas opções para os clientes fugirem de custos extras. Você pode correr para uma das cerca de 600 fintechs, por exemplo, que já estão cadastradas no BC para operar com o novo sistema de pagamentos.

De acordo com relatório da agência de classificação de risco Moody’s, com base nos dados de 12 meses até junho, os bancos podem perder até 8% de sua receita de taxas, tendo em vista que atualmente há cobrança de tarifa de Transferência Eletrônica Disponível (TED), e o Pix realizará operação semelhante sem a cobrança.

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“O Pix traz um risco relevante para os bancos de perda de cliente, mas aumentar as taxas seria um tiro no pé”, considera o professor do Insper Michel Viriato.

Ele comenta que hoje as pessoas mantêm conta corrente nos bancos principalmente para fazer aplicações financeiras e pagamentos.

“Os investimentos podem ser feitos em uma corretora de forma simples e diversificada. E agora, com o Pix, os pagamentos também não dependem de uma conta em banco”, ensina o professor. “O banco vai ter que arcar com essa perda de receita ou vai perder cliente”, alerta.

A dica é que você fique atento às tarifas cobradas pelo seu banco. Se notar qualquer mudança, procure o seu gerente e negocie. Caso não surta efeito, a sugestão é buscar outra instituição financeira.

A Febraban (Federação dos Bancos) disse, por meio de nota, que a entrada em operação do Pix deve ter impacto limitado nas tarifas. Isso porque, segundo pesquisa realizada pela entidade, 62% das contas transacionais já são isentas desse tipo de cobrança por regulação do Banco Central. Entre as contas restantes, uma parte significativa também não paga tarifas em função do relacionamento do titular com o banco ou por causa do pacote de serviços contratado.

“Avaliamos o Pix como uma importante oportunidade para o Brasil reduzir a necessidade do uso de dinheiro em espécie em transações comerciais, o que reduziria os altos custos de transporte e logística de cédulas em um país de dimensões continentais como o nosso”, diz a nota da entidade. “Além disso vemos maior conveniência para os clientes bancários na medida em que reduz a necessidade de saques em espécie nas agências bancárias e caixa eletrônicos.”