A relação entre as partes já tem um tempo e, ao que tudo indica, parece longe do fim. Tanto que Unimed Nacional e Oncoclínicas anunciaram na segunda-feira (10) a terceira parceria em pouco mais de três anos, agora com maior abrangência. As empresas assinaram um memorando de entendimento para a formação de uma nova joint venture que irá permitir às 340 unidades regionais da Unimed pelo Brasil fecharem acordos com a Oncoclínicas. Ou seja, a iniciativa possibilitará o tratamento de câncer a um maior número de usuários dos planos de saúde das cooperativas médicas, além de acirrar a disputa pela preferência do cliente entre as seguradoras.

O sistema Unimed tem 18,5 milhões de segurados distribuídos em cooperativas que atuam de forma independente em suas respectivas praças pelo País. A companhia já tinha outras duas joint ventures com a Oncoclínicas. A primeira, de 2018, envolve apenas as clínicas ambulatoriais que a Oncoclínicas tem em São Paulo, Brasília e Salvador. A segunda, divulgada há alguns meses, é referente ao novo cancer center que a empresa vai construir em São Paulo.

Pelo acordo, a Oncoclínicas será a controladora com 50,01% do capital, e a Unimed Nacional terá 49,99%. E basta analisar os números para constatar o quanto cada bandeira é relevante para a outra. Os serviços prestados pela Oncoclínicas ao sistema Unimed representam até 25% da receita que, entre janeiro e junho, atingiu R$ 1,7 bilhão. Na Unimed Nacional, a maior cooperativa médica, com 1,9 milhão de beneficiários, o tratamento de câncer equivale a 7% do total de suas despesas médicas, que chegou a R$ 2,8 bilhões no primeiro semestre.

As unidades regionais da Unimed que tiverem interesse em se associar com a Oncoclínicas terão a oportunidade de criar uma joint venture para as suas praças. “As Unimeds que fizerem parte dessa parceria terão novos parâmetros e protocolos mais completos, para uma maior eficiência nos tratamentos”, afirmou Luiz Paulo Tostes Coimbra, presidente da Unimed Nacional, em sua conta no LinkedIn.

O executivo disse acreditar nesse tipo de estratégia, na qual a Unimed Nacional alia “a qualidade da nossa assistência médica à expertise de uma empresa reconhecida no mercado, com grandes diferenciais, oferecendo serviços e práticas de excelência aos pacientes.” Além dos 18,5 milhões de clientes, o sistema Unimed reúne 118 mil médicos cooperados, gera 136 mil empregos diretos, rede assistencial formada por 150 hospitais próprios e cerca de 2,5 mil hospitais credenciados, além de unidades de pronto-atendimento, clínicas e laboratórios. Toda essa operação movimenta mais de R$ 73,6 bilhões, por ano, no sistema de saúde.

Para a Oncoclínicas, a parceria ajuda a ganhar capilaridade. A rede especializada de clínicas possui 125 unidades ambulatoriais distribuídas em 35 municípios pelo Brasil, além de três cancer center em operação e outros quatro em fase de projeto ou em construção. Esses hospitais têm sido o foco para expansão da companhia, por oferecer tratamento para a doença de forma completa.

A joint venture faz parte do plano de crescimento anunciado por Bruno Ferrari, presidente da Oncoclínicas, à DINHEIRO, em fevereiro. A estratégia inclui ao menos 50 aquisições. Apenas em 2022, já foram anunciadas as compras da rede de clínicas Cemise, no estado de Sergipe, por R$ 150 milhões; de 49% das ações do Medsir, na Espanha, por 5,75 milhões de euros; do Hospital Dia Taigara Memorial, em Salvador, por R$ 100 milhões; do laboratório Microimagem, no Rio de Janeiro, por R$ 8 milhões; e da rival Unity, num acordo de R$ 1,2 bilhão. A estratégia é uma tentativa de concentrar o pulverizado mercado de oncologia, que movimenta R$ 50 bilhões no Brasil, dos quais a Oncoclínicas detém cerca de 5% — a empresa fechou 2021 com receita líquida de R$ 2,7 bilhões.

O incremento nos negócios da Oncoclínicas está refletido nos números do segundo trimestre. A empresa alcançou a receita líquida recorde de R$ 900 milhões, alta de 40,6% na comparação anual. O resultado é proveniente de crescimento orgânico, de 15,5%, aliado à agenda de aquisições e à aceleração de suas operações de cancer center. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado somou R$ 159 milhões no período, alta de 40,2% em relação ao mesmo período do ano passado.