LIMA (Reuters) – O Peru, segundo maior produtor de cobre do mundo e por anos uma das economias que mais crescem na América Latina, viu uma série de presidentes depostos ou presos por acusações de corrupção nas últimas três décadas.

Nesta quarta-feira, o Congresso peruano removeu o presidente de esquerda Pedro Castillo em um impeachment, o terceiro que ele enfrentou desde que assumiu o poder em julho do ano passado, e horas depois de dizer que dissolveria o Congresso.

PEDRO CASTILLO (julho de 2021 a dezembro de 2022)

Castillo, ex-professor e ex-sindicalista, obteve forte apoio em áreas rurais pobres para vencer uma eleição acirrada por um partido marxista, mas caiu rapidamente nas pesquisas de popularidade e enfrentou contínua oposição de um Congresso fragmentado com um forte bloco conservador.

O agora ex-presidente sobreviveu a duas votações de impeachment, antes de finalmente ser deposto em 7 de dezembro, em um dia dramático em que tentou dissolver o Congresso, gerando acusações de “golpe”.

MANUEL MERINO (10 a 15 de novembro de 2020)

Merino, que era presidente do Congresso dominado pela oposição, assumiu a Presidência em novembro de 2020 após a remoção do então presidente Martín Vizcarra, em decisão que gerou várias manifestações, com saldo de duas mortes e dezenas de feridos, e desencadeou a renúncia de mais da metade do gabinete de ministros.

MARTÍN VIZCARRA (2018-2020)

Segundo informações do Ministério Público local, Vizcarra teria recebido, quando era governador de uma região do sul do país, há uma década, 2,3 milhões de soles (640 mil dólares) em propina de duas empresas que venceram a licitação de obras públicas, algo que o presidente negou.

PEDRO PABLO KUCZYNSKI (2016-2018)

Kuczynski está em prisão domiciliar enquanto procuradores o investigam por favorecer contratos com a construtora Odebrecht para a construção de uma estrada e uma obra de irrigação quando era ministro do ex-presidente Alejandro Toledo.

Ele inicialmente negou ter qualquer vínculo com o grupo brasileiro, mas acabou reconhecendo que seu consultor assessorou a Odebrecht no financiamento de projetos que ganhou enquanto ministro. Kuczynski então renunciou ao cargo de presidente em meio à pressão do Congresso.

OLLANTA HUMALA (2011-2016)

O militar reformado responde a um processo judicial por supostamente ter recebido três milhões de dólares da Odebrecht para a campanha presidencial de 2011. Segundo o Ministério Público, parte do dinheiro foi para seu partido e outra para aumentar o patrimônio da família. Para Humala, que passou nove meses em prisão preventiva, os promotores pediram 20 anos de prisão.

ALAN GARCÍA (1985-1990/2006-2011)

O ex-presidente cometeu suicídio em abril de 2019 com um tiro na cabeça quando a polícia veio prendê-lo para investigá-lo por um esquema de propina da Odebrecht. Após sua morte, seus bens foram inibidos e apreendidos.

ALEJANDRO TOLEDO (2001-2006)

Toledo está em liberdade sob fiança nos Estados Unidos enquanto enfrenta um processo de extradição para o Peru, onde é acusado de receber 20 milhões de dólares em propinas da Odebrecht durante seu mandato. O ex-presidente, que negou as acusações, foi detido por vários meses em uma prisão da Califórnia. Para a justiça peruana, Toledo está foragido desde 2017.

VALENTIN PANIÁGUA (2000-2001)

Ele é o único ex-presidente do Peru nas últimas três décadas que não foi acusado de corrupção. Paniágua liderou um governo de transição após a renúncia do ex-presidente Alberto Fujimori por fax do Japão, após a eclosão do que é considerado o maior escândalo de corrupção da história do país sul-americano.

ALBERTO FUJIMORI (1990-2000)

Atualmente cumpre pena de 25 anos de prisão por ser o autor intelectual do assassinato de 25 pessoas, incluindo um menor de idade, por um grupo militar e policial que atuou nos bastidores da luta contra o grupo rebelde de esquerda Sendero Luminoso, que tentava tomar o poder pela força.

(Reportagem de Marco Aquino)

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